quinta-feira, 13 de julho de 2023

Hagia Sofia

Aprendi a me afogar

Em quem sou

Para deixar de existir

Para inexistir como sou


Para ser como gostaria


Mas assim eu não o sou

Não sou matemático

Nem centroavante

No máximo

Um plácido poeta

E indolente comediante


Mas esse não é um problema meu

Ou melhor

Não é somente meu

Esse é um problema divino


Divino e humano


Porque seres divinos não têm problemas

Seres humanos os criam


Os problemas


E dizem que são problemas divinos


Mas nunca seriam divinos

Porque errar é humano


O Sol não é humano

É Apolíneo

É retilíneo

É a força bruta


A chuva de energia que rega a vida na Terra

A força que faz emergir a luz na escuridão soturna


Mas a vida...


A vida não é sobre a Lua

É sobre o Sol

É sobre trabalhar

Suar

É sobre errar


É o caminho errante em direção à morte

Viemos mortos sonhando com a vida


Por isso!

Matamos a noite

Adoramos ao dia


Não admitimos o descanso

Nem o remanso

Apenas o dia

Apenas a labuta

Nem esvanecimento


Elevamos o masculino

Apeamos o feminino


Diluímos a vida

E nela, a nós nos diluindo...


Mas viva,

Sofia

Ela está

Em nosso inconsciente


A Sofia


Enterrada viva

Está

Em sono eterno errante


Adormecida,

Guarnecendo as emoções

Enterradas vivas


Que, dizia o filósofo

Nunca morrem

Mas permanecem vivas

E surgem como monstros


Assim, monstros é o que nos tornamos

Quando nos negamos o direito de ser


Aquilo que somos

Mais do que simples cascas

Mas divinamente humanos


Seres humanos

É isto que somos

É isto que nos tornamos




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