sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Lucidez?

Noite regada a suor e pesadelos
Com sarcasmo em seu ventre

Que traz tristeza ao peito
E preocupação para a mente

Com olhos fundos e mareados
Cheios do vazio soturno

Cheios de vida...?

Não, cheios da vida!

Cheios do cansaço perene
Que tarda em se cansar

Mas que quase nunca se cansa
De estar cansado

É uma figura mítica.
Um conto mal fadado

Um personagem simbólico
No imaginário impregnado

É o construtor, de Chico
Que beija a mulher
Como se fosse a última vez

É o padeiro que repete
Seus pãezinhos todos os
Dias sem cessar

É Fabiano, de Craciliano
Que leva Baleia ao Céu
E sua familía ao agreste

É o engenheiro que
Não para de engenhar

É Pedro Bala, de Amado
Que luta desde menino
Pela sobrevivência no areal baiano

É o vendedor que gasta
O que lhe resta de voz
Para não lhe faltar à família

É a vida que não cansa de viver

É...

Mas a vida é um erro
Um incidente
Um desgosto sarcástico
Do universo
Fadada ao caos
Ao nada

Ao imaterial?

Talvez

Mas aos descrentes (como eu): nada

Resta apenas o cansaço
Descansando sobre meus ombros cansados

Sobre meus ombros que um dia
Vão definhar como a vida

Vão se esquecer desse mundo
Vão retornar ao universo

Vão descansar