domingo, 29 de julho de 2012

Soturnidades

Quero ganhar a solidão noturna
Inebriar-me do néctar da bruma
Em um beijo do luar

Quero um abraço da soturna,
O manto de treva profunda,
Em oculto véu me deleitar

Ouvir o silêncio sussurrante
Um continuum murmurante...
Quero isto: com a noite me deitar

Mas quem é?

Donzela ou meretriz?
Santa ou sedutora?
Sensata ou néscia?

Quem é esta?

Se benção... minha maldição
Se virgem... me devassa
Se pura... minha perversa
Se sóbria... fico ébrio ante o seu olhar

sábado, 21 de julho de 2012

Dilema

Esquerda, direita
Esquerda, direita
Direita, esquerda
Direita ou esquerda?

Que dilema...

Dilemas me cansam
(Aliás!) Dilemas são cansativos
Dilemas são redundantes
Fazem da pesarosa vida
Um jazer constante

Esquerda, direita
Esquerda, direita
Direita, esquerda
Ah! Cansei!

Xô! Dilema...

À direita ou à esquerda?
Qual escolher?
Não sei...
Fico em cima do muro
Daqui se enxerga bem melhor

domingo, 15 de julho de 2012

Olhos Azuis

Quero mergulhar no mar de teus olhos azuis
Em sua voz me entreter em um eterno deleitar
Suavidade, elegância e simplicidade
Um paradoxo aparente em um holístico olhar
Quero nas ondas de teus cabelos me embrenhar
E nesse oceano moreno de fragrância inigualável
Me comprazer cada momento, cada segundo
Acariciando-os, doce anjo, tão amável
Quero em minhas mãos sua silhueta desenhar
E na escuridão conhecê-la plenamente
Entrelaçar os teus olhares com os meus
Quando em uníssono se perscrutarem nossas mentes
E quando a luz se refletir em tua alvura

Que seu olhar encontre o meu eternamente


domingo, 8 de julho de 2012

À meia Luz!

Nem claro
Nem escuro
À meia luz

Nem ontem
Nem hoje
À meia noite

Nem névoa

Nem neblina
À meia bruma

Nem desejo

Nem satisfação
À meia luz

Nem homem

Nem mulher
inteira distinção

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sinestesia



Ao humano não basta a humanidade. Alheio a realidade funesta, este imerge na universalidade dos signos linguísticos e transcende a particularidade de e com os mesmos, em um arrebatamento visceral. Uma sede desenfreada de multiplicidade.

Na infinda calamidade das palavras, deve-se entender que a sofreguidão do entendimento das malandrinhas é salutar. É enfadonho e temeroso, mas abundante.

Não obstante, a viciosa escrita esfumaça-se em aura belicosa! Assim, arredia, qual mulher virginal, à mercê  dos absortos menestréis, deve ser tratada melindrosamente, afim de que a derradeira consumação sinestésica aconteça ... deliciosamente!