quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Tanto faz

É fundamental

Imprescindível

Que as intocáveis lidas da vida

Se tornem acessíveis

 

Quem dera se a soma de tudo

Se igualasse a nada

Como se no universo toda soma e equivalências resultasse em zero

 

Mas não é assim que funciona?

 

Se não se perde energia

Se não se cria energia

Nada se cria

Nada se perde

 

Estamos imersos em um oceano de energia hermeticamente fechado

Termodinamicamente bem pensado

 

Como se alguém, um grande pensador, tivesse criado isso direitinho

E feito uma pegadinha:

 

“Vou colocar aquele povo naquele planetinha e eles não vão saber de nada, nadinha. Mas vão pensar que sabem de tudo, tadinhos”

 

E assim a gente vai engendrando a crença de que há conhecimento

De que existe conhecimento

De que sinapses cerebrais dizem o que somos

E acreditamos

Acreditamos em nós mesmos

Acreditamos que faz sentido

 

Mas faz sentido?

 

Sinapticamente sim

Holisticamente, não

 

Tanto faz uma galáxia, ou você
Tanto faz a estrela, ou você Tanto faz planeta, ou você Tanto faz pessoa, ou você Tanto faz leão, ou você Tanto a erva, ou você Coliforme, ou você Você Tanto faz

Tanto faz

Mulher com touca onde está escrito "tanto faz" em inglês
📷 Meghan Schiereck





quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Sou Tudo

 A observância de tudo

Do mundo

Guia-me para dentro

 

A observância do nada

De mim

Guia-me para fora

 

Porque não estou em mim

Porque estou no mundo

Porque o mundo está em mim

Logo sou o mundo

 

O mundo é tão grande

Eu sou tão pequeno

É porque o mundo sou eu

E não conheço a mim mesmo

 

O mundo é do tamanho da minha mente

A minha mente é do tamanho do mundo

Porque aquilo que conheço (ou seja, nada)

Não passa de passa tempo

 

Não há separação da vida

Exceto aquela que meto

Entre mim e a criação

Entre o Criador e meus medos

 

Não há separação da Criação

Exceto aquela que vejo

Entre meus olhos e meus desejos

Entre o fluir dos mistérios

 

Que escorre pelo tempo entre meus os dedos


Mulher correndo pela rua em fuga


Fuga

É fugaz

A vida

A labuta

O arado

O sofrimento predito pelo Arauto

 

Aqui jaz

A morte

A preguiça

O acaso

O desdito na boca do larápio

 

É mordaz

A fome

A nudez

O morgado

Joia preciosa no relicário

 

É sagaz

A dor

A luxúria

O beneplácito

A veste guardada no armário

 

É voraz

O tempo

O consumo

O paráclito

Tânatos nos libera do malgrado


Mulher com mochila nas costas andando pela linha do trem de dia


segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Notívaga Efervescência

O caos se instala em Tróia

Druidas invocam dragões

Atenas se afoga pelo deus

Os bardos entoam canções

 

A lua se move no céu

O Sol se move pela Terra

Nós somos centro de tudo?

A pequenez é tão grande que aterra

 

Se o Cão que ladra no escuro

E o gato se mistura coa’noite

A labuta infame me diz

Que do capataz resta apenas o açoite

 

Os risos soturnos inundam

Os rios do imaginário doentio

Confusos permanecem entoando

 

Os cânticos dos augúrios serpentinos

Com calamitosos calafrios repentinos

As oitavas que supliciam o soprano


Pessoa enterrada com braço para fora da areia


Antigamente que era bom

Ninguém morria de infarto

Ninguém tinha depressão

Ninguém tinha fibromialgia

Nem ansiedade, nem convulsão

 

Antigamente que era bom

 

Ninguém morria de alcoolismo

Ninguém tinha Alzheimer

Ninguém tinha Parkinson

Nem TDAH, nem demência

 

Antigamente que era bom

 

Ninguém morria de úlcera

Ninguém tinha artrite

Ninguém tinha rinite

Nem asma, nem bronquite

 

Antigamente que era bom

 

Ninguém morria de nada

Ninguém tinha nada

Ninguém tinha tudo

Ninguém morria, ninguém vivia

 

Antigamente que era bom

 

Todo mundo vivia

Todo mundo morria

 

Antigamente que era bom

 

foto balanço