- Benhê, o gás acabou. Compra outro...
- Como assim,
o gás acabou? Ele nos rodeia por todos os lados.
- Como assim,
digo eu. Que papo de louco é esse?
- O gás nos
rodeia. Ele está a nossa volta. Está em cima, como está embaixo. Está dentro
como está fora. É onipresente, porque está em todos os lugares. É onisciente,
porque estando em todos os lugares, tudo sabe. Por fim, onipotente, porque
basta uma fagulha e “cabum” e tudo explode!
- Ah! Entendi.
Tudo isso é desculpa para mudar de assunto porque você não quer comprar o gás.
- Eu é que
entendi. Você quer fugir do aprendizado de coisas superiores, porque para você
os bens materiais vem em primeiro lugar. Mas se abra, que ainda é tempo para a Palavra
do Gás!
- Meu Deus,
eu não acredito que estou ouvindo isso, sobre o gás!
- Sim, você
pode não acreditar no Gás, mas ele acredita em você. E a tudo rodeia, está fora
e dentro de você. Pode até senti-lo na respiração.
- Entendi, o
que aconteceria então, se eu pegasse esse isqueiro, que está na minha mão,
deixasse o fogão aberto e o acendesse?
-
Obviamente, como acabei de lhe falar, tudo iria pelos ares, seria “cabum”. E que
conversa é essa?
- Estou lhe
perguntando somente para lhe reforçar que, mesmo tendo pouco gás aqui no fogão,
é possível deixar ele vazando sem querer de madrugada, sabe? E uma pessoa enlouquecida
de raiva, principalmente com o papo torto de um marido vagabundo, e poderia deixar
tudo pelos ares.
- Ah
entendi.
NOTA: Dias
depois desse acalorado debate teológico, o Corpo de Bombeiros local foi
acionado, porque uma mulher havia explodido uma casa com o marido dentro.