Sigam-me os bons
Sigam-me os de bem
Sigam-me os homens de bem
Sigam-me os injustiçados
Aqueles contrariados
Infelicidados
Ofendidos com o resultado
Sigam-me os bons
De raiva embrigados
Que se sentem injustiçados
Que sentem a veia fever
Que sentem ódio
E sentem vontade de botar pra fuder
Sigam-me os bons
Aqueles que não acreditam
Que sentem e transpiram de ódio
Que odeiam
O.D.E.IA.M
E sentem desprezo pelo irmão
Sigam-me os bons
Que vão a igreja
Rezam o Pai Nosso
Em profunda oração
Mas que na hora da raiva
Perdem a linha
E humilham em vão
Sigam-me os bons
Os homens de bem
Que são superiores
Que humilham
Que apontam o dedo
Esbravejam em vão
Sigam-me os bons
Que proclamam preconceito
Enchem a boca
Cospem na cara
De quem lhes limpa o chão
Sigam-me os bons
Que transpiram ódio
Que anseiam vingança
De todo coração
Sigam-me os bons
Sigam-me os de bem
Sigam-me os abastados
Sigam-me os endinheirados
Sigam-me aqueles que têm
A cabeça inculta
A serviz dura
A mente vazia
E o coração de pedra
Sigam-me os bons
Sigam-me para a luz
E verão que Jesus andou com pobres, bêbados e prostitutas
E com sofredores nordestinos também
Sigam-me os bons
E que Deus lhes abençõe
Que lhes abra a mente
Para enxergar naquele ente sofrente
Naquele que nem mais parece gente
O Deus que crucificamos, Jesus.
Sigam-me os bons
Sejamos bons
Sejamos mensageiros da paz
Sejamos pessoas realmente boas
E não um demônio voraz
Sigam-me os bons
E deixem o ódio para traz
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
segunda-feira, 16 de julho de 2018
Barata de armário
Barata boa vida
Que não conhece
O lado sujo da avenida
Que delimita
A vida das baratas de esgoto
E daquelas que estão
Na boa vida
Criada a base
De leite pera
Sucrilhos, Nescau
E erva-cidreira
A barata gourmet
Não sabe o que é o ralo
Nem surfar pelo chuveiro
Não sabe nadar
Nem come sujeira
Mas sente ranço
Dos restos da pia
"Ai que nojeira!"
Barata de armário
Que não conhece a doidera
Não toma cerveja
Não foge de lagartixa
Nem come batata doce
À beira da fogueira
Ah! Barata!
Nada mateira
Te encontrei no meu armário
ZAP!
Vai para a lixeira
Que não conhece
O lado sujo da avenida
Que delimita
A vida das baratas de esgoto
E daquelas que estão
Na boa vida
Criada a base
De leite pera
Sucrilhos, Nescau
E erva-cidreira
A barata gourmet
Não sabe o que é o ralo
Nem surfar pelo chuveiro
Não sabe nadar
Nem come sujeira
Mas sente ranço
Dos restos da pia
"Ai que nojeira!"
Barata de armário
Que não conhece a doidera
Não toma cerveja
Não foge de lagartixa
Nem come batata doce
À beira da fogueira
Ah! Barata!
Nada mateira
Te encontrei no meu armário
ZAP!
Vai para a lixeira
Dinheiro
Dinheiro compra sexo, mas não compra Amor
Dinheiro compra remédios, mas não compra Saúde
Dinheiro compra prazer, mas não compra Felicidade
Dinheiro compra o efêmero, mas não o que é da Eternidade
Dinheiro compra, adquire e até flutua
No câmbio, fluta
Mas será que nos intermédios diários
- os intercâmbios da vida -
os sentimentos compra?
.........
Compramos por comprar
Para satisfazer necessidades que são como nós: efêmeras
Somos efêmeros, mas depreciamos o que somos: efêmeros
Não somos belos
Não somos eternos
Somos filhos da terra
E para a terra voltaremos: duramos um pouco mais que uma mosca
...........
Talvez, por isso, gostamos tanto de comprar
Comprar é um ato efêmero
E como efemeridade
- praxe que se dispersa na eternidade -
tende a seguir o ciclo
E aos mestres entoar:
Todo que é sólido, se dissipa no ar
Dinheiro compra remédios, mas não compra Saúde
Dinheiro compra prazer, mas não compra Felicidade
Dinheiro compra o efêmero, mas não o que é da Eternidade
Dinheiro compra, adquire e até flutua
No câmbio, fluta
Mas será que nos intermédios diários
- os intercâmbios da vida -
os sentimentos compra?
.........
Compramos por comprar
Para satisfazer necessidades que são como nós: efêmeras
Somos efêmeros, mas depreciamos o que somos: efêmeros
Não somos belos
Não somos eternos
Somos filhos da terra
E para a terra voltaremos: duramos um pouco mais que uma mosca
...........
Talvez, por isso, gostamos tanto de comprar
Comprar é um ato efêmero
E como efemeridade
- praxe que se dispersa na eternidade -
tende a seguir o ciclo
E aos mestres entoar:
Todo que é sólido, se dissipa no ar
quinta-feira, 12 de julho de 2018
Inglaterra versus França: III Guerra Mundial
A tão sonhada final da Copa não aconteceu na vida real. Mas papel aceita tudo e o futuro também.
Por isso, entenda este pequeno texto como um descompromissado exercício de futurologia.
E neste exercício futurológico, eliminemos sumariamente a Croácia, que para começar não tem nenhum título mundial. É hoje um time simpático e interessante. Sim, claro. Mas não é o país que criou o footbal. Por isso, xô Croácia. Xô! Nesta realidade paralela você foi eliminada.
E como tal, ocorre o conflito final, o pretexto derradeiro para a III Guerra Mundial, a tão sonhada final entre Inglaterra e França.
Tudo começou no Brexit. E, dessa forma, a situação não estava bem entre as duas nações, lembrando-se que é um exercício de futurologia, apesar da eliminação - por birra minha - da Croácia. Aqui, ela não existe.
Voltando a III Grande Guerra, dessa vez não motivada pela Alemanha, que caiu pela 3ª vez na Rússia - sim, emprestei a piada do Putin - mas pelo footbal.
Pensemos: o que seria mais pretexto para uma guerra mundial que uma final de Copa entre França e Inglaterra, lembrando que esses povos ficaram 100 ANOS EM GUERRA?
No final do supracitado conflito, os guerreiros nem sabiam porque estavam em guerra.
Perguntavam-se: por que estamos em guerra?
E respondiam: porque sempre estivemos.
Logo, por isso, essa final na ponta das baionetas seria magnífica.
Afinal, ingleses e franceses têm uma histórica relação bilateral sanguinária. São duras de matar.
Para começo de conversa, quase todos os grandes conflitos europeus envolveram diretamente essas duas nações e durante 500 anos a relação entre ambas era na base de espadas, catapultas e óleo fervente.
Voltando ao futuro e imaginando o cenário de caos, consultariam-se as árvores genealógicas e se descobriria que o goleiro da França teve o bisavô morto pelo tataravô do centro avante da Inglaterra.
Fora de campo, professores de história suscitariam os conflitos históricos:
- "Aqueles malditos Yankes trouxeram-nos grandes prejuízos na Guerra de libertação dos EUA!"
- "Aqueles franceses bundões colocaram nossos irmãos em campos de intervenção quando Hitler invadiu Paris!"
Gritos de ódio incendiariam Paris e Londres.
Nacionalistas queimariam a bandeira do inimigo em praça pública.
Franceses fariam isso cantando La Marseillaise e tomando um bom vinho da terra. Prontos para o embate.
Ingleses ficariam bêbados e destruiriam Londres antes do embate final.
E todo ódio do mundo entraria concentrado em campo.
É sangue. É ódio. É a III Guerra Mundial.
Um ódio milenar e sem igual, desde a época dos povos bárbaros, em que prevalecia a lei do mais forte - aquele que mais mata. "VIVA, ÁTILA HUNO!"
E é essa final de Copa do Mundo que quero ver.
Com muito sangue nas travas das chuteiras, hooligans e baionetas!!!
Por isso, entenda este pequeno texto como um descompromissado exercício de futurologia.
E neste exercício futurológico, eliminemos sumariamente a Croácia, que para começar não tem nenhum título mundial. É hoje um time simpático e interessante. Sim, claro. Mas não é o país que criou o footbal. Por isso, xô Croácia. Xô! Nesta realidade paralela você foi eliminada.
E como tal, ocorre o conflito final, o pretexto derradeiro para a III Guerra Mundial, a tão sonhada final entre Inglaterra e França.
Tudo começou no Brexit. E, dessa forma, a situação não estava bem entre as duas nações, lembrando-se que é um exercício de futurologia, apesar da eliminação - por birra minha - da Croácia. Aqui, ela não existe.
Voltando a III Grande Guerra, dessa vez não motivada pela Alemanha, que caiu pela 3ª vez na Rússia - sim, emprestei a piada do Putin - mas pelo footbal.
Pensemos: o que seria mais pretexto para uma guerra mundial que uma final de Copa entre França e Inglaterra, lembrando que esses povos ficaram 100 ANOS EM GUERRA?
No final do supracitado conflito, os guerreiros nem sabiam porque estavam em guerra.
Perguntavam-se: por que estamos em guerra?
E respondiam: porque sempre estivemos.
Logo, por isso, essa final na ponta das baionetas seria magnífica.
Afinal, ingleses e franceses têm uma histórica relação bilateral sanguinária. São duras de matar.
Para começo de conversa, quase todos os grandes conflitos europeus envolveram diretamente essas duas nações e durante 500 anos a relação entre ambas era na base de espadas, catapultas e óleo fervente.
Voltando ao futuro e imaginando o cenário de caos, consultariam-se as árvores genealógicas e se descobriria que o goleiro da França teve o bisavô morto pelo tataravô do centro avante da Inglaterra.
Fora de campo, professores de história suscitariam os conflitos históricos:
- "Aqueles malditos Yankes trouxeram-nos grandes prejuízos na Guerra de libertação dos EUA!"
- "Aqueles franceses bundões colocaram nossos irmãos em campos de intervenção quando Hitler invadiu Paris!"
Gritos de ódio incendiariam Paris e Londres.
Nacionalistas queimariam a bandeira do inimigo em praça pública.
Franceses fariam isso cantando La Marseillaise e tomando um bom vinho da terra. Prontos para o embate.
Ingleses ficariam bêbados e destruiriam Londres antes do embate final.
E todo ódio do mundo entraria concentrado em campo.
É sangue. É ódio. É a III Guerra Mundial.
Um ódio milenar e sem igual, desde a época dos povos bárbaros, em que prevalecia a lei do mais forte - aquele que mais mata. "VIVA, ÁTILA HUNO!"
E é essa final de Copa do Mundo que quero ver.
Com muito sangue nas travas das chuteiras, hooligans e baionetas!!!
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Alô, Deus?
- Alô, Deus, tudo bem?
- Tudo bem, Fábio. Por que não conversou comigo ontem a noite?
- Nossa, Deus, já falamos sobre isso...
- Eu compreendo, mas você sabe que sou um Deus ciumento, está na Bíblia.
- Sim, está na Bíblia, mas os teólogos explicam que não devíamos levar tudo ao pé da letra. Principalmente os livros do Antigo Testamento.
- Sim, claro. Não faça isso. Ou no passado você poderia ter votado no Trump. Aquele cara não veio para o céu.
- Nossa, Deus, fazendo fofoca, hein? Que feio!
- É, Deus tem os seus defeitos também... Tem uns filhos que criei com muito amor, mas que são um pé no saco. Melhor mandar para o inferno.
- Pois é..
- Tem uns caras muito ruins da ideia mesmo, mas o senhor acha que não tem nenhuma responsabilidade nisso, já que os criou?
- Está afirmando, mortal, que erro nas minhas criações?
- Não SENHOR! Eu queria dizer que, que, que...
- Hahahahaha
- Ah! Deus!
- Rapaz, você acabou de me dar uma bela explicação que não deve ler os livros do Antigo Testamento ao pé da letra e basta eu falar grosso um pouquinho que você quase se borra todo? Estou vendo daqui. Hahahaha
- Pois é, Deus, você me pegou. Hahahaha
- Peguei mesmo.
- Então, Deus, é que estou meio ocupado...
- Está muito ocupado para Deus?
- Deus, o senhor não acha que é muito demodê ficar usando essas frases clichês que os religiosos chatos ficavam distribuindo nas portas das igrejas?
- Eu acho, mas sou um senhor de idade, tenho alguns trilhões de anos, lembra?
- Verdade. Desculpe-me, não quis parecer ingrato ou presunçoso.
- Tudo bem, você é assim, mas eu o perdoo. Sempre perdoo.
- Muito obrigado. Sinto-me mais leve. E vou tentar refazer a pergunta, posso?
- Claro, sempre tentando, isso que é importa.
- Senhor, Deus, a sua ligação teve uma finalidade específica? O Senhor quer precisar de mim para alguma coisa?
- Não, não. Só queria conversar com você. Ouvir a sua voz. Você é meu filho e eu te amo.
- Nossa..
- O que foi?
- Desculpe-me, pensei algo que senti que foi desrespeitoso...
- Não tem problema.
- Ah! Se o Senhor soubesse o que pensei...
- Ah! Meu filho, eu sei algumas coisas. E algumas delas são relacionadas aos seus pensamentos.
- Nossa, então o Senhor sabe o que eu pensei?
- Claro, sou onisciente, lembra?
- Nossa, isso quer dizer que estou frito?
- Hahahaha. Não por isso rapaz. Não fritei nem aquele povo do Vale do Silício que falava que era bonzinho, mas usava mão de obra infantil escrava na China, e vou fritar justo você? Não...
- Nossa, mas foi justamente graças ao Vale do Silício que estamos conversando.
- Claro, claro. Mas os fins não justificam os meios, lembra?
- Claro!
- Justamente, por isso, permiti que o CEO da Orange descobrisse um jeito de vocês falassem comigo.
- Nossa, o que ele tem de especial?
- Tem um bom coração. Por conseguinte, tem uma empresa super responsável e comprometida com o bem estar social e com o meio ambiente. A Terra está melhor com ele e quando ele falecer, vou trazê-lo para junto de mim.
- Falando em fruta, empresa... E o CEO daquela outra empresa gigantesca do século passado com nome de fruta?
- Aquele que as pessoas idolatravam e que criou meios incríveis de vocês conversarem entre vocês?
- Isso, isso...
- Pois é, rapaz, esse não está muito bem não...
- Por quê?
- Ah! Ele foi um daqueles que mais usou mão de obra infantil chinesa para fabricar os celulares...
- Que pena.
- Uma pena mesmo. Criei-o tão belo e tão dotado de inteligência, mas usou isso para seu ego. Uma pena mesmo.
- Então, Deus, preciso trabalhar..
- Tudo bem. Se eu os amaldiçoei com o trabalho, essa desculpa eu aceito.
- Ah, propósito, poderia ligar para meu chefe e dizer que estou doente?
- Você está doente?
- Não.
- Eu sou Deus, não minto.
- Tudo bem...
- A propósito, conclua aquele pensamento que eu ouvi e que te deixou desconcertado.
- Nossa, Deus, posso mesmo? É que tenho que trabalhar.
- Tudo bem, parei o tempo para nós dois. Desembucha!
- Ai, sério? Estou com vergonha.
- Não tem porque ter vergonha, eu sei quem você é e se você pensa desse jeito é porque tem uma finalidade. Lembre-se, eu te criei assim.
- Posso mesmo?
- Pode.
- Deus, o Senhor não está, digamos, banalizando um pouco a sua presença entre nós? Antes era tão difícil conversar com o Senhor e com a sua legião angelical...
- Facilitar não é banalizar...
- Sim, claro. Mas é que não compreendo porque o Senhor não fez assim desde o começo.
- Você e o resto da humanidade.
- Então posso perguntar?
- Pode!
- Por que o Senhor não fez assim desde o começo?
- E qual seria a graça?
- Nossa, não entendi.
- Vou desenhar... Na Bíblia, consta que todas as vezes que agi na Terra depois do nascimento de Adão, foi por intermédio dele ou de Adão. Sabia disso?
- Nossa, não sabia.
- Interessante, não?
- Sim, muito, claro!
- Pois bem, estava esperando que um de vocês criasse um jeito de me comunicar com vocês do mesmo jeito que fazia com a Adão.
- Entendi, então o Senhor quis depender de nós, é isso?
- Isso, como sempre.
- Nossa, e facilitou bastante.
- Achou mesmo?
- Sim, claro. Antes era muito complicado com todos aqueles símbolos e aquele monte de intermediários falando em nome do Senhor. Muito confuso.
- Eu sei, por isso sempre soube que teria que facilitar as coisas.
- E porque foi há pouco tempo, recentemente?
- Tudo tem sua hora.
- Tudo bem, Fábio. Por que não conversou comigo ontem a noite?
- Nossa, Deus, já falamos sobre isso...
- Eu compreendo, mas você sabe que sou um Deus ciumento, está na Bíblia.
- Sim, está na Bíblia, mas os teólogos explicam que não devíamos levar tudo ao pé da letra. Principalmente os livros do Antigo Testamento.
- Sim, claro. Não faça isso. Ou no passado você poderia ter votado no Trump. Aquele cara não veio para o céu.
- Nossa, Deus, fazendo fofoca, hein? Que feio!
- É, Deus tem os seus defeitos também... Tem uns filhos que criei com muito amor, mas que são um pé no saco. Melhor mandar para o inferno.
- Pois é..
- Tem uns caras muito ruins da ideia mesmo, mas o senhor acha que não tem nenhuma responsabilidade nisso, já que os criou?
- Está afirmando, mortal, que erro nas minhas criações?
- Não SENHOR! Eu queria dizer que, que, que...
- Hahahahaha
- Ah! Deus!
- Rapaz, você acabou de me dar uma bela explicação que não deve ler os livros do Antigo Testamento ao pé da letra e basta eu falar grosso um pouquinho que você quase se borra todo? Estou vendo daqui. Hahahaha
- Pois é, Deus, você me pegou. Hahahaha
- Peguei mesmo.
- Então, Deus, é que estou meio ocupado...
- Está muito ocupado para Deus?
- Deus, o senhor não acha que é muito demodê ficar usando essas frases clichês que os religiosos chatos ficavam distribuindo nas portas das igrejas?
- Eu acho, mas sou um senhor de idade, tenho alguns trilhões de anos, lembra?
- Verdade. Desculpe-me, não quis parecer ingrato ou presunçoso.
- Tudo bem, você é assim, mas eu o perdoo. Sempre perdoo.
- Muito obrigado. Sinto-me mais leve. E vou tentar refazer a pergunta, posso?
- Claro, sempre tentando, isso que é importa.
- Senhor, Deus, a sua ligação teve uma finalidade específica? O Senhor quer precisar de mim para alguma coisa?
- Não, não. Só queria conversar com você. Ouvir a sua voz. Você é meu filho e eu te amo.
- Nossa..
- O que foi?
- Desculpe-me, pensei algo que senti que foi desrespeitoso...
- Não tem problema.
- Ah! Se o Senhor soubesse o que pensei...
- Ah! Meu filho, eu sei algumas coisas. E algumas delas são relacionadas aos seus pensamentos.
- Nossa, então o Senhor sabe o que eu pensei?
- Claro, sou onisciente, lembra?
- Nossa, isso quer dizer que estou frito?
- Hahahaha. Não por isso rapaz. Não fritei nem aquele povo do Vale do Silício que falava que era bonzinho, mas usava mão de obra infantil escrava na China, e vou fritar justo você? Não...
- Nossa, mas foi justamente graças ao Vale do Silício que estamos conversando.
- Claro, claro. Mas os fins não justificam os meios, lembra?
- Claro!
- Justamente, por isso, permiti que o CEO da Orange descobrisse um jeito de vocês falassem comigo.
- Nossa, o que ele tem de especial?
- Tem um bom coração. Por conseguinte, tem uma empresa super responsável e comprometida com o bem estar social e com o meio ambiente. A Terra está melhor com ele e quando ele falecer, vou trazê-lo para junto de mim.
- Falando em fruta, empresa... E o CEO daquela outra empresa gigantesca do século passado com nome de fruta?
- Aquele que as pessoas idolatravam e que criou meios incríveis de vocês conversarem entre vocês?
- Isso, isso...
- Pois é, rapaz, esse não está muito bem não...
- Por quê?
- Ah! Ele foi um daqueles que mais usou mão de obra infantil chinesa para fabricar os celulares...
- Que pena.
- Uma pena mesmo. Criei-o tão belo e tão dotado de inteligência, mas usou isso para seu ego. Uma pena mesmo.
- Então, Deus, preciso trabalhar..
- Tudo bem. Se eu os amaldiçoei com o trabalho, essa desculpa eu aceito.
- Ah, propósito, poderia ligar para meu chefe e dizer que estou doente?
- Você está doente?
- Não.
- Eu sou Deus, não minto.
- Tudo bem...
- A propósito, conclua aquele pensamento que eu ouvi e que te deixou desconcertado.
- Nossa, Deus, posso mesmo? É que tenho que trabalhar.
- Tudo bem, parei o tempo para nós dois. Desembucha!
- Ai, sério? Estou com vergonha.
- Não tem porque ter vergonha, eu sei quem você é e se você pensa desse jeito é porque tem uma finalidade. Lembre-se, eu te criei assim.
- Posso mesmo?
- Pode.
- Deus, o Senhor não está, digamos, banalizando um pouco a sua presença entre nós? Antes era tão difícil conversar com o Senhor e com a sua legião angelical...
- Facilitar não é banalizar...
- Sim, claro. Mas é que não compreendo porque o Senhor não fez assim desde o começo.
- Você e o resto da humanidade.
- Então posso perguntar?
- Pode!
- Por que o Senhor não fez assim desde o começo?
- E qual seria a graça?
- Nossa, não entendi.
- Vou desenhar... Na Bíblia, consta que todas as vezes que agi na Terra depois do nascimento de Adão, foi por intermédio dele ou de Adão. Sabia disso?
- Nossa, não sabia.
- Interessante, não?
- Sim, muito, claro!
- Pois bem, estava esperando que um de vocês criasse um jeito de me comunicar com vocês do mesmo jeito que fazia com a Adão.
- Entendi, então o Senhor quis depender de nós, é isso?
- Isso, como sempre.
- Nossa, e facilitou bastante.
- Achou mesmo?
- Sim, claro. Antes era muito complicado com todos aqueles símbolos e aquele monte de intermediários falando em nome do Senhor. Muito confuso.
- Eu sei, por isso sempre soube que teria que facilitar as coisas.
- E porque foi há pouco tempo, recentemente?
- Tudo tem sua hora.
sexta-feira, 22 de junho de 2018
Lobo Mau
Lobo mau
Lobo mau
pega as ovelinhas
para fazer mingau
Come uma
Come duas
Come três
Te falo, por vez
Uma por mês
Uma por semana
Uma em cada dia
Na mesa
No sofá
Na cama
Lobo mau
Lobo mau
Come as ovelinhas
Come as ovelinhas
Ovelinhas roubadas do Chacrinha
Lobo mau
pega as ovelinhas
para fazer mingau
Come uma
Come duas
Come três
Te falo, por vez
Uma por mês
Uma por semana
Uma em cada dia
Na mesa
No sofá
Na cama
Lobo mau
Lobo mau
Come as ovelinhas
Come as ovelinhas
Ovelinhas roubadas do Chacrinha
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Lugar Comum
Vala do conhecimento. Preguiça mental. Anacronismo. Provincianismo.
Há muitos nomes. E esses muitos se liquefazem no holístico fel da viscosidade da mente atrasada.
E tudo isso mora nele: no lugar comum.
Este é a morada da comodidade. É o mais puro entendimento dos desentendidos. É amicíssimo da ignorância. E produz masturbação mental sempre que requisitado.
Afinal, baseia-se sempre em respostas - preferencialmente por aquelas na ponta na língua - e nunca nas perguntas. Porque, há de se convir, que perguntas não resolvem - ao menos aparentemente - os problemas.
Na verdade, de certa forma, elas os criam. Basta lembrar que os problemas de matemática tendem a começar ou terminar com um seco "por quê?".
E quem é do lugar comum não quer problema, quer apenas se aprazer com as soluções provindas daqueles que não abraçaram a mediocridade.
Afinal, é muito gostoso dirigir um carro, ter a luz elétrica à disposição sempre que necessário ou água encanada assim que se abre a torneira.
Mas se debruçar sobre o pensamento de quem engenhou essas magníficas possibilidades é algo que quem propositalmente subutiliza a própria mente quer distância.
Pode-se dizer isso porque há níveis de resolução de problemas. E o lugar comum, enquanto vala do conhecimento que é, procura sempre a que parece mais razoável - a mais superficial e menos danosa contra o que pensa a maioria.
Afinal, o lugar comum é o lugar "de todos".
Afinal, desculpe-me pelo uso abusivo do "afinal", a maioria de nós não nos aprofundamos em muitas coisas e tudo aquilo que desconhecemos é como se não existisse - ao menos para nós.
Mas este não é o problema.
A falta de conhecimento, se por um lado implica na automática ausência deste, por outro possibilita o aprendizado de algo novo. Porém, o lugar comum impera. E, enquanto amigo maior da ignorância, ele procura sempre meios para abstrair o dificultoso.
Mas para não ficar demasiadamente teórico este texto, é necessário exemplificar.
Normalmente o lugar comum precede a generalização - esta também amicíssima do desconhecimento.
O lugar - ou senso, como preferir - comum costuma aparecer em frases que comecem com:
- Todos os homens...
- Todos os ursos...
- Todas as mulheres...
E, às vezes, aparece consumado em uma atitude apropriadamente autoacusatória, mas sem senso se autoacusação, como:
- Brasileiros são desonestos;
- Brasileiros são vagabundos;
- Brasileiros são pouco evoluídos;
E o mais estranho é ver brasileiros vomitando verborragicamente essas frases repletas de preconceito, sem qualquer percepção que necessariamente estão se referindo a eles mesmos e a todos que conhecem.
Será que se odeiam - ainda que inconscientemente - e aqueles com quem convivem? Já que são todos ou ao menos a maioria composta por brasileiros?
Por conta disso, o lugar comum é o caminho mais nobre do preguiçoso. Mas não de qualquer preguiçoso.
Não diz respeito ao preguiçoso que tem preguiça de fazer trabalhos laborais ou de manter uma boa prosa em uma mesa de amigos, por exemplo.
Mas diz respeito ao preguiçoso introspectivo, daquele que não gosta de pensar.
Mas não de qualquer preguiçoso na área de pensar.
Isso se aplica ao preguiçoso que não gosta de pensar concretamente.
Pensar concretamente é o horror de qualquer preguiçoso.
Mas há um problema nisso, porque a maioria de nós, acredite, é assim.
E talvez todos nós, em alguma ocasião de nossas vidas, sejamos assim. Por algum momento, por quaisquer motivos, podemos seguir por esse tenebroso caminho.
E por um motivo bem simples: é o mais fácil de ser trilhado.
E este maldito lugar comum aparece justamente em coisas nas quais mais gostamos. Naquele candidato a presidente que mais apreciamos, em nosso time de futebol ou na nossa religião.
Um outro bom exemplo de aplicação do lugar comum é quando algumas (veja bem não estou apelando ao maldito lugar, não estou generalizando) religiões afirmam que o ensino escolar afasta os fiéis das suas crenças.
Pois bem... E isso muitas vezes é questionado - e normalmente questionado - contra o pensamento científico, sendo que este, ao contrário do pensamento religioso, normalmente precede alguma comprovação.
E isso é um tremendo problema, afinal não estamos presos a um planeta chamado Terra porque o cientista Isaac Newton inventou a gravidade, ele apenas conseguiu explicar o fenômeno.
E para explicar o fenômeno o cientista precisou se questionar: por que não estamos todos voando?
Mas o lugar comum diria: por que "é assim que as coisas são" e se riria da pergunta porque ela pareceria idiota com uma resposta "tão óbvia".
Mas o interessante é que a resposta não é óbvia, não é mesmo?
E mais interessante ainda é que Newton, enquanto pesquisador e professor de Oxford - salvo engano -, era "obrigado" a dar uma aula por ano para os universitários.
Só que essa aula era obrigatória apenas para o professor, não para os alunos. Logo, estes preferiam se amontoar em frente a porta da sala onde Newton faria sua explicação.
Riam-se, aos montes, do professor que dava prazerosamente sua aula. Sozinho, como um maluco. Para ninguém.
Afinal, os estudantes preferiam rir do conhecimento que lhes estava sendo oferecido, do que sentarem-se em frente ao maior gênio de sua época e aprender com ele.
Preferiam rir do "idiota" do professor. Tiveram a oportunidade de adquirir conhecimento diretamente com um dos maiores gênios que já existiu, mas preferiam rir dele. Mesmo ele sendo reconhecido como um maiores nomes da ciência já em sua época. Não é por menos que recebeu o título de nobreza da Coroa inglesa.
Mas se a Coroa inglesa percebeu o valor de Sir Isaac Newton, seus promissores alunos não tiveram a mesma percepção. E, talvez, por isso não estamos falando deles por aqui.
Logo, fugindo do discurso do lugar comum: não somente nas religiões ele aparece, ele está em todo lugar. Na Academia (com "A" maiúsculo), no seu lugar de trabalho, no seu chefe, no seu filho, na sua esposa, em você. Em mim.
Afinal, lançando um pouco mão do lugar comum, também sou filho de Deus. Então também erro.
Mas o problema não é que se caia no lugar comum, mas se lançar a ele e permanecer abraçado até que a morte os separe, amém!
Pois bem, o lugar comum, também conhecido como vala do conhecimento, é a morada das pessoas que gostam do pensamento comum.
Logo, aproveite, e seja diferente. Fuja do lugar comum. Ele não te leva para verdade. Nem para a significância.
Seja foda! Saia do lugar comum! S3
Há muitos nomes. E esses muitos se liquefazem no holístico fel da viscosidade da mente atrasada.
E tudo isso mora nele: no lugar comum.
Este é a morada da comodidade. É o mais puro entendimento dos desentendidos. É amicíssimo da ignorância. E produz masturbação mental sempre que requisitado.
Afinal, baseia-se sempre em respostas - preferencialmente por aquelas na ponta na língua - e nunca nas perguntas. Porque, há de se convir, que perguntas não resolvem - ao menos aparentemente - os problemas.
Na verdade, de certa forma, elas os criam. Basta lembrar que os problemas de matemática tendem a começar ou terminar com um seco "por quê?".
E quem é do lugar comum não quer problema, quer apenas se aprazer com as soluções provindas daqueles que não abraçaram a mediocridade.
Afinal, é muito gostoso dirigir um carro, ter a luz elétrica à disposição sempre que necessário ou água encanada assim que se abre a torneira.
Mas se debruçar sobre o pensamento de quem engenhou essas magníficas possibilidades é algo que quem propositalmente subutiliza a própria mente quer distância.
Pode-se dizer isso porque há níveis de resolução de problemas. E o lugar comum, enquanto vala do conhecimento que é, procura sempre a que parece mais razoável - a mais superficial e menos danosa contra o que pensa a maioria.
Afinal, o lugar comum é o lugar "de todos".
Afinal, desculpe-me pelo uso abusivo do "afinal", a maioria de nós não nos aprofundamos em muitas coisas e tudo aquilo que desconhecemos é como se não existisse - ao menos para nós.
Mas este não é o problema.
A falta de conhecimento, se por um lado implica na automática ausência deste, por outro possibilita o aprendizado de algo novo. Porém, o lugar comum impera. E, enquanto amigo maior da ignorância, ele procura sempre meios para abstrair o dificultoso.
Mas para não ficar demasiadamente teórico este texto, é necessário exemplificar.
Normalmente o lugar comum precede a generalização - esta também amicíssima do desconhecimento.
O lugar - ou senso, como preferir - comum costuma aparecer em frases que comecem com:
- Todos os homens...
- Todos os ursos...
- Todas as mulheres...
E, às vezes, aparece consumado em uma atitude apropriadamente autoacusatória, mas sem senso se autoacusação, como:
- Brasileiros são desonestos;
- Brasileiros são vagabundos;
- Brasileiros são pouco evoluídos;
E o mais estranho é ver brasileiros vomitando verborragicamente essas frases repletas de preconceito, sem qualquer percepção que necessariamente estão se referindo a eles mesmos e a todos que conhecem.
Será que se odeiam - ainda que inconscientemente - e aqueles com quem convivem? Já que são todos ou ao menos a maioria composta por brasileiros?
Por conta disso, o lugar comum é o caminho mais nobre do preguiçoso. Mas não de qualquer preguiçoso.
Não diz respeito ao preguiçoso que tem preguiça de fazer trabalhos laborais ou de manter uma boa prosa em uma mesa de amigos, por exemplo.
Mas diz respeito ao preguiçoso introspectivo, daquele que não gosta de pensar.
Mas não de qualquer preguiçoso na área de pensar.
Isso se aplica ao preguiçoso que não gosta de pensar concretamente.
Pensar concretamente é o horror de qualquer preguiçoso.
Mas há um problema nisso, porque a maioria de nós, acredite, é assim.
E talvez todos nós, em alguma ocasião de nossas vidas, sejamos assim. Por algum momento, por quaisquer motivos, podemos seguir por esse tenebroso caminho.
E por um motivo bem simples: é o mais fácil de ser trilhado.
E este maldito lugar comum aparece justamente em coisas nas quais mais gostamos. Naquele candidato a presidente que mais apreciamos, em nosso time de futebol ou na nossa religião.
Um outro bom exemplo de aplicação do lugar comum é quando algumas (veja bem não estou apelando ao maldito lugar, não estou generalizando) religiões afirmam que o ensino escolar afasta os fiéis das suas crenças.
Pois bem... E isso muitas vezes é questionado - e normalmente questionado - contra o pensamento científico, sendo que este, ao contrário do pensamento religioso, normalmente precede alguma comprovação.
E isso é um tremendo problema, afinal não estamos presos a um planeta chamado Terra porque o cientista Isaac Newton inventou a gravidade, ele apenas conseguiu explicar o fenômeno.
E para explicar o fenômeno o cientista precisou se questionar: por que não estamos todos voando?
Mas o lugar comum diria: por que "é assim que as coisas são" e se riria da pergunta porque ela pareceria idiota com uma resposta "tão óbvia".
Mas o interessante é que a resposta não é óbvia, não é mesmo?
E mais interessante ainda é que Newton, enquanto pesquisador e professor de Oxford - salvo engano -, era "obrigado" a dar uma aula por ano para os universitários.
Só que essa aula era obrigatória apenas para o professor, não para os alunos. Logo, estes preferiam se amontoar em frente a porta da sala onde Newton faria sua explicação.
Riam-se, aos montes, do professor que dava prazerosamente sua aula. Sozinho, como um maluco. Para ninguém.
Afinal, os estudantes preferiam rir do conhecimento que lhes estava sendo oferecido, do que sentarem-se em frente ao maior gênio de sua época e aprender com ele.
Preferiam rir do "idiota" do professor. Tiveram a oportunidade de adquirir conhecimento diretamente com um dos maiores gênios que já existiu, mas preferiam rir dele. Mesmo ele sendo reconhecido como um maiores nomes da ciência já em sua época. Não é por menos que recebeu o título de nobreza da Coroa inglesa.
Mas se a Coroa inglesa percebeu o valor de Sir Isaac Newton, seus promissores alunos não tiveram a mesma percepção. E, talvez, por isso não estamos falando deles por aqui.
Logo, fugindo do discurso do lugar comum: não somente nas religiões ele aparece, ele está em todo lugar. Na Academia (com "A" maiúsculo), no seu lugar de trabalho, no seu chefe, no seu filho, na sua esposa, em você. Em mim.
Afinal, lançando um pouco mão do lugar comum, também sou filho de Deus. Então também erro.
Mas o problema não é que se caia no lugar comum, mas se lançar a ele e permanecer abraçado até que a morte os separe, amém!
Pois bem, o lugar comum, também conhecido como vala do conhecimento, é a morada das pessoas que gostam do pensamento comum.
Logo, aproveite, e seja diferente. Fuja do lugar comum. Ele não te leva para verdade. Nem para a significância.
Seja foda! Saia do lugar comum! S3
quinta-feira, 14 de junho de 2018
Prazer
Rima com o som da cerveja sendo habilidosamente derramada em um típico copo americano
Rima com o molejo de morenas mionzinho, para lá para cá, no sacolejo de seus cachos e aromas que se espalham qual chuva de verão. Se dispersam e se vão
Rima com teu lábio no meu. Boca nua. Onde quiser. No quarto. Na sarjeta. Na cama. Onde der.
Onde você quiser. Se der.
Rima com teu som gemendo.
Rima com teu som
Rima com o som de surdo com pandeiro
Rima com a vida. Com a noite. O dia inteiro.
É um deixa me levar. Essa rima.
E rima com atação. Com puteiro?
Nunca fui de puteiro. Mas será que rima.
Sim. Claro que rima. É o lugar para fabricar o prazer alheio.
Rima com dor. Porque é o contrário de dor.
Rima com presunto, muçarela e manteiga, tudo no pão de centeio.
Rima com espionar e desejar o que é alheio.
Se for a mulher do alheio então, nem se fale. Quanto mais alheio melhor.
Melhor para rimar. Ô se rima!
Rima com café da tarde depois de trabalhar o dia inteiro.
Rima com labora para despertar os ânimos com custeio.
Porque a vida é dura e prazer é raro então a gente busca
Busca a rima.
Mas rima?
Claro que rima.
Rima mas a gente busca a vida inteira.
E apenas se encontra quando se morre por inteiro.
Rima com o molejo de morenas mionzinho, para lá para cá, no sacolejo de seus cachos e aromas que se espalham qual chuva de verão. Se dispersam e se vão
Rima com teu lábio no meu. Boca nua. Onde quiser. No quarto. Na sarjeta. Na cama. Onde der.
Onde você quiser. Se der.
Rima com teu som gemendo.
Rima com teu som
Rima com o som de surdo com pandeiro
Rima com a vida. Com a noite. O dia inteiro.
É um deixa me levar. Essa rima.
E rima com atação. Com puteiro?
Nunca fui de puteiro. Mas será que rima.
Sim. Claro que rima. É o lugar para fabricar o prazer alheio.
Rima com dor. Porque é o contrário de dor.
Rima com presunto, muçarela e manteiga, tudo no pão de centeio.
Rima com espionar e desejar o que é alheio.
Se for a mulher do alheio então, nem se fale. Quanto mais alheio melhor.
Melhor para rimar. Ô se rima!
Rima com café da tarde depois de trabalhar o dia inteiro.
Rima com labora para despertar os ânimos com custeio.
Porque a vida é dura e prazer é raro então a gente busca
Busca a rima.
Mas rima?
Claro que rima.
Rima mas a gente busca a vida inteira.
E apenas se encontra quando se morre por inteiro.
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Café
Café é necessário
Café para o trabalho
Café no relicário
Café
No assoalho?
Até o assoalho toma café
Bebe com a vassoura e embebeda o pé
de café
de meia
Sujo na cozinha
Que coou o café
Que nojo!
Que nada
Dá um gostinho de meia
Com frieira requentada
O típico café brasileiro
Servido no acampamento do MST
E na mesa do chefe
Mas este é cuspe e adoçante
Já que é bom para desarrolar a garganta
E ninguém é de ferro
Mas tem testa de ferro
E sabe o que é bom para mais de metro?
Café
Com leite
Com queijo
Com manteiga
Com o que cê quiser
Só não pode por açúcar -
diz o povo fino, né?
Mas a gente põe açúcar a rodo
Sem dó
Nem piedade
- Aliás, falando em Piedade
- Sabe aquela, Piedade?
- A Nossa Senhora?
- Não diacho!
- A Piedade
- Mas que Piedade
- Ah! O que tem a Piedade
- Cê não sabe o que tem a Piedade!
- Sei não, que tem a Piedade?
- Ela adora um café
A Piedade, eu, o cê e todo mundo gosta de café
Mas tem gente que não gosta
Mas isso não é bom
Porque como dizia os Novos Baianos:
"Quem não gosta de café, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé"
Por isso, põe mais café
O dia inteiro, mais café
Até a gente não aguentar, café
Até não poder mais falar "café"
Põe café
Por piedade
Vai mais um café!
Café para o trabalho
Café no relicário
Café
No assoalho?
Até o assoalho toma café
Bebe com a vassoura e embebeda o pé
de café
de meia
Sujo na cozinha
Que coou o café
Que nojo!
Que nada
Dá um gostinho de meia
Com frieira requentada
O típico café brasileiro
Servido no acampamento do MST
E na mesa do chefe
Mas este é cuspe e adoçante
Já que é bom para desarrolar a garganta
E ninguém é de ferro
Mas tem testa de ferro
E sabe o que é bom para mais de metro?
Café
Com leite
Com queijo
Com manteiga
Com o que cê quiser
Só não pode por açúcar -
diz o povo fino, né?
Mas a gente põe açúcar a rodo
Sem dó
Nem piedade
- Aliás, falando em Piedade
- Sabe aquela, Piedade?
- A Nossa Senhora?
- Não diacho!
- A Piedade
- Mas que Piedade
- Ah! O que tem a Piedade
- Cê não sabe o que tem a Piedade!
- Sei não, que tem a Piedade?
- Ela adora um café
A Piedade, eu, o cê e todo mundo gosta de café
Mas tem gente que não gosta
Mas isso não é bom
Porque como dizia os Novos Baianos:
"Quem não gosta de café, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé"
Por isso, põe mais café
O dia inteiro, mais café
Até a gente não aguentar, café
Até não poder mais falar "café"
Põe café
Por piedade
Vai mais um café!
sábado, 12 de maio de 2018
Estereótipo
Rico? Porque Roubou
Sambista? Vagabundo!
Funkeira? Piranha!
Cabeleiro? É viado!
Cabeleireira? Fofoqueira
Bom de informática? Nerd
Bom de matemática? Mais nerd
Vendedor de loja? Explorado
Negro? Bandido!
Branco? Privilegiado
Mulher? Bom para o fogão
Médico? Babaca!
É do rock? Conservador!
Vendedor? Enrolador
É de esquerda? Petista
Petista? Comunista
De direita? Tucano
Tucano? Conservador
Jornalista? Manipulador
Comerciante? Ladrão
É gay? Uma bicha!
Talentoso? Preguiçoso
Freelancer? Finge que trabalha
Diz o que pensa? Antissocial
Classe média? Conservador
Trabalhador? Suga o patrão.
Patrão? Sanguessuga do trabalhador
Mora em comunidade? Bandido
Ocupou um teto vazio? Bandido
Mulher? Biscate!
Usa minissaia? Quer ser estuprada
Usa miniblusa? É vadia!
É trans? É tudo isso e nem me fale!
É gay? É doente
É homossexual? Pura imoralidade!
É político? Ladrão
É parlamentar? Desonesto!
Black block? Vândalo e vagabundo
Toma umas no bar? É bebum, alcoólatra
Vai no ballet?
É mulher: esforçada
É homem: falta de couro!
Negro na universidade? É cotista, privilegiado
E você, de quantos estereótipos já foi desqualificado?
Sambista? Vagabundo!
Funkeira? Piranha!
Cabeleiro? É viado!
Cabeleireira? Fofoqueira
Bom de informática? Nerd
Bom de matemática? Mais nerd
Vendedor de loja? Explorado
Negro? Bandido!
Branco? Privilegiado
Mulher? Bom para o fogão
Médico? Babaca!
É do rock? Conservador!
Vendedor? Enrolador
É de esquerda? Petista
Petista? Comunista
De direita? Tucano
Tucano? Conservador
Jornalista? Manipulador
Comerciante? Ladrão
É gay? Uma bicha!
Talentoso? Preguiçoso
Freelancer? Finge que trabalha
Diz o que pensa? Antissocial
Classe média? Conservador
Trabalhador? Suga o patrão.
Patrão? Sanguessuga do trabalhador
Mora em comunidade? Bandido
Ocupou um teto vazio? Bandido
Mulher? Biscate!
Usa minissaia? Quer ser estuprada
Usa miniblusa? É vadia!
É trans? É tudo isso e nem me fale!
É gay? É doente
É homossexual? Pura imoralidade!
É político? Ladrão
É parlamentar? Desonesto!
Black block? Vândalo e vagabundo
Toma umas no bar? É bebum, alcoólatra
Vai no ballet?
É mulher: esforçada
É homem: falta de couro!
Negro na universidade? É cotista, privilegiado
E você, de quantos estereótipos já foi desqualificado?
sexta-feira, 16 de março de 2018
O que realmente importa
Eu gosto é de samba e de cerveja
O resto é ilusão
Eu gosto é da noite
De virar madrugada
Cair no salão
Sentir o sereno no rosto
O frio que sopra
Mas com samba no ouvido
Aquecido pelo vinho
E sem mais nada na mente
O que importa é a diversão
Vida sem diversão é vida perdida
Vida que se foi
Vida que se entrega
A desiluzão
Sem um copo de chopp
Ou um litro de vinho
Sem um pouco de coloarinho
Para amargar a boca e adoçar a vida
Como seria meu coração?
Seria frio
Sem vida
Sem alento
Sem trigo
Nem rumo
Ai, nem sei como seria
Como eu seria sem a madrugada
Sem um pouco de fumo
Sem uma rápida fumaça?
Ah! Que palhaçada!
Que vida mais chata!
Que vida sem vida
Que morte sem sentido
Terei eu
Quando ela bater em meu portão
Quando ela me levar
Terei me divertido
Terei me lembrado
De tudo que fiz
E de nada me arrependido
Vou abraçá-la e agradê-la:
"Oi, eu já estava esperando
Me diverti bastante aqui.
O que vamos brincar no outro mundo?"
O resto é ilusão
Eu gosto é da noite
De virar madrugada
Cair no salão
Sentir o sereno no rosto
O frio que sopra
Mas com samba no ouvido
Aquecido pelo vinho
E sem mais nada na mente
O que importa é a diversão
Vida sem diversão é vida perdida
Vida que se foi
Vida que se entrega
A desiluzão
Sem um copo de chopp
Ou um litro de vinho
Sem um pouco de coloarinho
Para amargar a boca e adoçar a vida
Como seria meu coração?
Seria frio
Sem vida
Sem alento
Sem trigo
Nem rumo
Ai, nem sei como seria
Como eu seria sem a madrugada
Sem um pouco de fumo
Sem uma rápida fumaça?
Ah! Que palhaçada!
Que vida mais chata!
Que vida sem vida
Que morte sem sentido
Terei eu
Quando ela bater em meu portão
Quando ela me levar
Terei me divertido
Terei me lembrado
De tudo que fiz
E de nada me arrependido
Vou abraçá-la e agradê-la:
"Oi, eu já estava esperando
Me diverti bastante aqui.
O que vamos brincar no outro mundo?"
quarta-feira, 7 de março de 2018
Tira o pé da minha janta
Tira o pé daí
Não enche o saco
Vai embora!
Que fazes aqui
Nesse momento
Justo agora?
Agora vou embora
Você não?
Simbóra
Desacampa
Rala peito
Pula fora
Ou o pau quebra
Eu te quebro
Na manobra
Uma no queixo
Uma no estômago
Na maciota
Com muito carinho
Um olho roxo
E uma viola
No teu lombo frouxo
Seu belo encosto
E assim dá corda
Pro teu rumo
Ô falta de assunto
Falta de escola
Toma caminho
Vai de mansinho
Vai-se embora!
Não enche o saco
Vai embora!
Que fazes aqui
Nesse momento
Justo agora?
Agora vou embora
Você não?
Simbóra
Desacampa
Rala peito
Pula fora
Ou o pau quebra
Eu te quebro
Na manobra
Uma no queixo
Uma no estômago
Na maciota
Com muito carinho
Um olho roxo
E uma viola
No teu lombo frouxo
Seu belo encosto
E assim dá corda
Pro teu rumo
Ô falta de assunto
Falta de escola
Toma caminho
Vai de mansinho
Vai-se embora!
sexta-feira, 2 de março de 2018
Língua Portuguesa
É um aperta e segura
Um vai e vêm
Que nunca tem cura
É um acento aqui
Uma vírgula acolá
É tanta frescura?
Se é frescura não sei
Mas é tanta regra
É lei?
Uma imposição
Uma chateação
Me acabrunhei
Todo dia é assim
Um esquenta neurônio
Cansaço nos olhos
Por que o porquê
Junto com acento
É substantivo
E não há argumento!
Uma vírgula errada
É morte!
Não mate!
Não, mate!
Então não, mate o português!
Vamos frasear
Parafrasear brincando
Lendo com a vida
Rir conversando
E não essa coisa palavreada
Essas palavradas
Me deixam doido
Oh vida atinada
De quem fala
O português lacônico
Como peste bubônica
Nos deixa atônicos
Co'a linguagem afônica
Um vai e vêm
Que nunca tem cura
É um acento aqui
Uma vírgula acolá
É tanta frescura?
Se é frescura não sei
Mas é tanta regra
É lei?
Uma imposição
Uma chateação
Me acabrunhei
Todo dia é assim
Um esquenta neurônio
Cansaço nos olhos
Por que o porquê
Junto com acento
É substantivo
E não há argumento!
Uma vírgula errada
É morte!
Não mate!
Não, mate!
Então não, mate o português!
Vamos frasear
Parafrasear brincando
Lendo com a vida
Rir conversando
E não essa coisa palavreada
Essas palavradas
Me deixam doido
Oh vida atinada
De quem fala
O português lacônico
Como peste bubônica
Nos deixa atônicos
Co'a linguagem afônica
sábado, 24 de fevereiro de 2018
Vaidade
Dentre os seres humanos, ela é a melhor
É a mais bela
A mais inteligente
A mais sábia
É o suprassumo do Bem
Estonteantemente maravilhosa
É a mais digna de atenção
É a mais eficiente
Dentre os músicos, o melhor guitarrista
O melhor violonista
O melhor vocalista
O melhor baterista
Tudo
Tudo
Tudo de bom
Excelência suprema
Excelência entre os excelentes
A caridade em pessoa
Muito boa
Muito boa mesmo
Muito boa de morrer
É tão boa que quando faz a ação
Em cima de todos distoa
É a que mais aparece
A que mais se promove
Sobre a que mais se conversa
Quem questiona não merece
Não merece atenção
Não merece amor
Não merece
Não merece
Não merece
Não merece porque não contemplou a beleza
A sutileza
A grandeza
A grandiosidade em pessoa
O melhor dos seres humanos
O mais criativo
O mais estrondoso
O mais maravilhoso
O mais vaidoso
É a mais bela
A mais inteligente
A mais sábia
É o suprassumo do Bem
Estonteantemente maravilhosa
É a mais digna de atenção
É a mais eficiente
Dentre os músicos, o melhor guitarrista
O melhor violonista
O melhor vocalista
O melhor baterista
Tudo
Tudo
Tudo de bom
Excelência suprema
Excelência entre os excelentes
A caridade em pessoa
Muito boa
Muito boa mesmo
Muito boa de morrer
É tão boa que quando faz a ação
Em cima de todos distoa
É a que mais aparece
A que mais se promove
Sobre a que mais se conversa
Quem questiona não merece
Não merece atenção
Não merece amor
Não merece
Não merece
Não merece
Não merece porque não contemplou a beleza
A sutileza
A grandeza
A grandiosidade em pessoa
O melhor dos seres humanos
O mais criativo
O mais estrondoso
O mais maravilhoso
O mais vaidoso
quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
Repetindo
Cada momento
Cada perda
Cada nota
Cada vida
Cada situação
Em sua volta
Mas não se importa
Não se importe
Com o que diga
Com o que se nota
Apenas com a vida
Que enrola
Que se nota
Vai-se embora
Despedia
Qual nora
No altar
Da vida
É... rima
Com suspiro
Com despedida
Com vida... De novo
Sem vida? De novo
Again
Agora
Meu povo
Que sinistra
Sílaba
De novo
Ai meu Deus
Não consigo
Parar
Se vou
Se consigo
Repito
De novo
Cada perda
Cada nota
Cada vida
Cada situação
Em sua volta
Mas não se importa
Não se importe
Com o que diga
Com o que se nota
Apenas com a vida
Que enrola
Que se nota
Vai-se embora
Despedia
Qual nora
No altar
Da vida
É... rima
Com suspiro
Com despedida
Com vida... De novo
Sem vida? De novo
Again
Agora
Meu povo
Que sinistra
Sílaba
De novo
Ai meu Deus
Não consigo
Parar
Se vou
Se consigo
Repito
De novo
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