quinta-feira, 14 de junho de 2018

Prazer

Rima com o som da cerveja sendo habilidosamente derramada em um típico copo americano

Rima com o molejo de morenas mionzinho, para lá para cá, no sacolejo de seus cachos e aromas que se espalham qual chuva de verão. Se dispersam e se vão

Rima com teu lábio no meu. Boca nua. Onde quiser. No quarto. Na sarjeta. Na cama. Onde der.

Onde você quiser. Se der.

Rima com teu som gemendo.

Rima com teu som

Rima com o som de surdo com pandeiro

Rima com a vida. Com a noite. O dia inteiro.

É um deixa me levar. Essa rima.

E rima com atação. Com puteiro?

Nunca fui de puteiro. Mas será que rima.

Sim. Claro que rima. É o lugar para fabricar o prazer alheio.

Rima com dor. Porque é o contrário de dor.

Rima com presunto, muçarela e manteiga, tudo no pão de centeio.

Rima com espionar e desejar o que é alheio.

Se for a mulher do alheio então, nem se fale. Quanto mais alheio melhor.

Melhor para rimar. Ô se rima!

Rima com café da tarde depois de trabalhar o dia inteiro.

Rima com labora para despertar os ânimos com custeio.

Porque a vida é dura e prazer é raro então a gente busca

Busca a rima.

Mas rima?

Claro que rima.

Rima mas a gente busca a vida inteira.

E apenas se encontra quando se morre por inteiro.


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