domingo, 30 de julho de 2023

Fragmentação

 

É uma avalanche

Que desaba em nossas cabeças

Que desanca com os desejos mais íntimos

Que empedra sempre pelo prazer de empedrar

 

Os corações

Já propensos ao infortúnio

Às dissoluções amorosas

Ao caos cotidiano que encerra os maus augúrios

 

É a lavagem cerebral

O brain wash

Com técnicas sofisticadas

Para causar confusão

 

Não é um sentimento de perda

Mas de desprendimento

De descolamento

De despir-se

Diante do véu

Que se instala em nossos olhos

 

O véu é profundo

Mas invisível

Mas é totalmente existente

É comum a todo ser humano vivente

 

É a necessidade de ser compreendido

Que nunca acontece

Que reflete em sentir-se traidor

Em sentir-se culpado

 

Porque nunca é possível satisfazer a todos

E por conseguinte a si próprio

É um amálgama completamente dissoluto

Em uma taça de vinho de confusão

Tomada no relento de uma noite escura profunda

 

É ostentação para cá

Pregação contra a matéria acolá

 

Então Deus é espírito

E o diabo é matéria

E por isso o diabo é tão mais real?

 

Eu sempre o percebo

Quando acordo de manhã

E olho no espelho


pessoa confusa


quarta-feira, 26 de julho de 2023

Ressurreição

 Todos os dias eu morro

Todos os dias ressuscito

Todos os dias entendo

Que a vida se trata de um ciclo

 

Ciclo de morte e ressurreição

Ciclo de culpa e absolvição

Ciclo de vícios e de regeneração

Que se nasce e adormece em um fluxo

 

Fluxo que se inicia

Fluxo que sempre termina

Fluxo que nos ensina

Que a vida é permanece na existência e é fugaz na inexistência

 

A existência é transitória

A inexistência é permanente

A matéria não permanece

Que vãs são as formas da mente

 

A mente ensina que a vida é eterna

A mente se apega e a tudo devora

A mente é insana e quer tudo para agora

Que vida lúgubre a qual a mente nos joga


O jogo permanece inalterado

O jogo nos remete sempre ao passado

O jogo nos aterroriza com o futuro

Que nos aguarda mas nem sempre é tão duro

 

A dureza está nos olhos cristalizados de quem observa

A vilania é o que sempre nos encerra

Mas a morte faz sempre o seu trabalho

Leva o manso para a mansidão e o violento...

 

Quem sabe para aonde vai?


Fênix


segunda-feira, 24 de julho de 2023

A vida é assim mesmo

A noite cai

Eu acordo

A aurora se manifesta

Eu durmo

Toco a minha vida assim de um modo

Taciturno


De uma forma ou de outra

O importante é enrolar

Ser de um jeito ou de outro

Não importa

Enrole-se


Enrole-se de amores

De beijos e ardores

De tédio em um domingo chuvoso

Ausente de amigos

E cheio de solitude


Manifeste-se

Pense que a vida é assim mesmo

E que você não tem forças

Vai com a maré

E tchum...

E foi


(Ainda bem que acreditou

em minha lorota

Espero que nunca mais volte)


Mas (eu) voltando


Acredito que nada é por acaso

Mesmo que seja pesado

É somente uma interpretação pesada

Sobre um fato inevitável

E é inevitável sim

Se não, alguém teria evitado

Não é mesmo?


As dores são para aprender

A vida é para suar

É para tremer e temer


Quem se é


É visceral ser um bicho

Que pensa que pensa

E que pensa que é humano


É animal pensar que a mente é um engano

Que nada é de verdade

Que a minha vida inteira acreditei em mentiras

Contadas

Por mim mesmo

Para mim mesmo


Não porque sou um mentiroso

Não porque sou mal

Não porque sou filho do tinhoso


É apenas porque sou assim, uai

E sendo assim, do tinhoso

Do malvadão

Ou do Deus Cristão


Não importa

O que importa é que a vida é assim mesmo

Que vai se levando


Que nem calote


No feirante no dia de domingo

No dono de bar em pleno sabadão

No prestador de serviço no suor da labuta


Mas não que nem o dono do jogo de Bicho

Porque dar o calote nele é o último


Aí a vida encerra

Que nem esse breve poema

Que se aterra

E se guarda dentro do seu coração




quinta-feira, 20 de julho de 2023

Cem anos de solidão*

Geração pós geração

À solta

Digladiada

Entranhada

Em vida rota


Muita bebericação

Muita desnutrição

Em terra

Que sucumbe e desfaz-se tola


É ideologia que percorre o mar

Que inunda e se envolve o sumo

Do Corão que rege as Leis que nos impactam

Que não se assossegam e se rebelam sem nenhum prumo


É o desdém pela consciência

É a vingança que se carrega em cada ombro

É a vida de Édipo

Que sendo rei

Vive em assombro


Assombrado

Pelo destino

Predestinado pelo risonho

Riso

Do destino?

Dos seus sonhos


São sonhos que não se alembram ao longo do dia

São maldições, malversações perversas do ditocujo

Que vive em nós

Mas que nos leva a replicar

A repetir

O que somos

O que nós fomos


A cada geração que existimos

Em nossa ancestralidade

Que nos arrebata

Que nos maltrata


Que nos lembra

Que somos filhos da terra

Que somos filhos de nossos pais

Que somos filhos de um sobro que ainda prepondera


Que nos aterra

E que chamamos de Destino

Porque à sua cólera sucumbimos


Ah! Quem dera não ser filho de meus pais

Ah! Quem dera negar como estou

Ah! Quem dera ser outra pessoa


Ah! Quem dera negar quem que sou


* Poema inspirado em livro de mesmo nome




terça-feira, 18 de julho de 2023

Canção das Sombras

Sinta o uivo da noite

Sinta o tilintar das correntes

Sinta o voo dos morcegos

O medo domina sua mente


Sinta que a vida se esvai

Sinta que nada importa

Sinta que o tempo para

Um espírito lhe aborda pelas costas


Ouça a risada macabra

Ouça o mal se alastrar

Ouça quem lhe afaga

Dar as costas e lhe abandonar


Veja que nada lhe importa

Veja a vida se entorna

Veja que a tristeza é pura

Visceral e selvagem lamúria


Entenda que a vida é breve

Entenda que a morte é eterna

Entenda que nada importa

Algo lhe cutuca as pernas


Repita que aqui jaz um morto vivo

Repita que logo vem o suplício

Repita e clame pelas respostas

Mas enlouqueça e se perca no vício


Perceba que o clima está carregado

Perceba que ninguém está ao seu lado

Perceba que não há esperança

A sombra é viva em abundância


A sombra abunda (sua) imaginação




segunda-feira, 17 de julho de 2023

Tudo de bom

Ouvir Djavan é bom

Rezar é bom

Respirar, meditando zen é bom

Estudar mitologia é bom

Discutir política partidária é bom

Discutir políticas públicas é bom

Chegar na gata é bom

Um beijo demorado e um aconchego preguiçoso ao meio dia do dia seguinte

É bom

Ir na missa é bom

Ler Santo Agostinho e São Tomás é bom

Levar um fora da mulher amada é bom

Ter histórias é bom

Ter barriga é bom

Quem não tem barriga não tem história

Ter uma vida

Ter uma história

Ter tanta labuta e desesperança para descultivar é bom

É minha vida

Minha vida é algo bom

Deus é bom

Eu sou bom

Led Zeppelin e Frank Zappa é bom

Queen... Queen é melhor

Guns Roses... Não é bom.

Nirvana? É pior...

Ouvir Bach ao piano é bom

Reclamar da festa quando acaba a cerveja é bom

Carnaval do Rio é bom

Carnaval em Ouro Preto então

É tão bom, é tão bom, é tão bom


Que nem me lembro





quinta-feira, 13 de julho de 2023

Hagia Sofia

Aprendi a me afogar

Em quem sou

Para deixar de existir

Para inexistir como sou


Para ser como gostaria


Mas assim eu não o sou

Não sou matemático

Nem centroavante

No máximo

Um plácido poeta

E indolente comediante


Mas esse não é um problema meu

Ou melhor

Não é somente meu

Esse é um problema divino


Divino e humano


Porque seres divinos não têm problemas

Seres humanos os criam


Os problemas


E dizem que são problemas divinos


Mas nunca seriam divinos

Porque errar é humano


O Sol não é humano

É Apolíneo

É retilíneo

É a força bruta


A chuva de energia que rega a vida na Terra

A força que faz emergir a luz na escuridão soturna


Mas a vida...


A vida não é sobre a Lua

É sobre o Sol

É sobre trabalhar

Suar

É sobre errar


É o caminho errante em direção à morte

Viemos mortos sonhando com a vida


Por isso!

Matamos a noite

Adoramos ao dia


Não admitimos o descanso

Nem o remanso

Apenas o dia

Apenas a labuta

Nem esvanecimento


Elevamos o masculino

Apeamos o feminino


Diluímos a vida

E nela, a nós nos diluindo...


Mas viva,

Sofia

Ela está

Em nosso inconsciente


A Sofia


Enterrada viva

Está

Em sono eterno errante


Adormecida,

Guarnecendo as emoções

Enterradas vivas


Que, dizia o filósofo

Nunca morrem

Mas permanecem vivas

E surgem como monstros


Assim, monstros é o que nos tornamos

Quando nos negamos o direito de ser


Aquilo que somos

Mais do que simples cascas

Mas divinamente humanos


Seres humanos

É isto que somos

É isto que nos tornamos




sábado, 8 de julho de 2023

A bela da noite

 Ai que saudade da Lua

Da loucura Lunar

Da força que atravessa

Te atravessa, cara!

Vai te puxar


Te puxar para cima

Para baixo

Para maldade

Para zuera

Para algazarra

Para malandragem


Para mulherada

Essa é a energia da Lua

Da lua redonda

Roxinha

Luarada

Como uma uva


Com a uva e o vinho me deleito

Em um passo sem fim

Em uma vida sem rim

Todo zuado


Enfim,

É assim

Que a lua te pega


Com o clima amolecedor das forças psíquicas

Que te deixa fraco

Mareado

Puxado pelas ondas soturnas da bela da noite


Aquela que já vai...






sábado, 8 de abril de 2023

Semana Santa

Cachaça?

O povo bebe

Come bacalhau

Briga na quermesse


Fala mal do padre

Quebra o pau

Para beijar o santo primeiro


Se apropria do lugar na igreja

"É meu"

E logo se arrepia


É uma fria

Diriam...

Melhor se acostumar


É um bafafá que só

Tanto álcool e carne

(Depois do jejum precisa compensar)

Para o povo


É muita ânsia

E ansiedade

Essa malignidade


Essa saturação

Que a quarentena traz

Na Santa semana

Do bacalhau


O bacalhau é do povo

Coitado do bacalhau

Morreu para que fôssemos salvos


Crucificado?


Não, foi só na bainha mesmo

Zap!

Na minha barriguinha o bacalhau foi enterrado


Depois de tanto comer e beber

Enfim, fiquei saciado

Tão santificado

Neste longo feriado


Em uma Semana Santa





terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

UAU

Primeiro Planet Hemp

Dispois, O Teatro Mágico

Logo mais, Mocidade Independente de Padre Miguel - com aquele "Salve a Mocidade"

Com Maria Rita junto Rage Against The Machine, Killing in The Name of the Todo Mundo

É assim

Playlist boa

Boa com pinga gelada

Com pingofé

Com rapé e rabanada

Com absinto bem doce

Como o beijo da Mulher Amada

Tão doce quanto bombocado regado de petit gateau

Com leite condensado

Sim, da Moça - daquela com a moça avantajada da embalagem

Como se fosse a Isis

Valverde?

Enfim...


Bota um Zeca Padodim aí, que eu vou pagodeá


Mas antes um paiero pra paierá

O ar e enganar com o que a gente vai fumá


Mas daí basta incenso

Mas dá na cara, não?


Então...


Ah! Coloca o Zeca, com Tihuana e Chimarruts que esse tem fica doido

Coisa de loco sô

Trem bom demais


Pro meu ouvido que não é


Mas num é pra mim não


É pra deixá alto no quintal, que é pro vizinho escuitá


Ele ouve a minha vida


Vai cumpartilhar do meu gosto musical


Junto com meu varal


Em Bananal

Capital do Ceará


Local de Mata Altântica, Floresta Amazônica


Uma coisa horrenda, UZÔNICA


Megalomaníaca e virulenta

Tipo covid com Holly Montains e Californacation


Lindo di morrê!