A noite cai
Eu acordo
A aurora se manifesta
Eu durmo
Toco a minha vida assim de um modo
Taciturno
De uma forma ou de outra
O importante é enrolar
Ser de um jeito ou de outro
Não importa
Enrole-se
Enrole-se de amores
De beijos e ardores
De tédio em um domingo chuvoso
Ausente de amigos
E cheio de solitude
Manifeste-se
Pense que a vida é assim mesmo
E que você não tem forças
Vai com a maré
E tchum...
E foi
(Ainda bem que acreditou
em minha lorota
Espero que nunca mais volte)
Mas (eu) voltando
Acredito que nada é por acaso
Mesmo que seja pesado
É somente uma interpretação pesada
Sobre um fato inevitável
E é inevitável sim
Se não, alguém teria evitado
Não é mesmo?
As dores são para aprender
A vida é para suar
É para tremer e temer
Quem se é
É visceral ser um bicho
Que pensa que pensa
E que pensa que é humano
É animal pensar que a mente é um engano
Que nada é de verdade
Que a minha vida inteira acreditei em mentiras
Contadas
Por mim mesmo
Para mim mesmo
Não porque sou um mentiroso
Não porque sou mal
Não porque sou filho do tinhoso
É apenas porque sou assim, uai
E sendo assim, do tinhoso
Do malvadão
Ou do Deus Cristão
Não importa
O que importa é que a vida é assim mesmo
Que vai se levando
Que nem calote
No feirante no dia de domingo
No dono de bar em pleno sabadão
No prestador de serviço no suor da labuta
Mas não que nem o dono do jogo de Bicho
Porque dar o calote nele é o último
Aí a vida encerra
Que nem esse breve poema
Que se aterra
E se guarda dentro do seu coração