Não diga que não te avisei...
Leia e fique irritado
Fim.
Você tem tudo
E tem depressão
Tem gado
Sapato
Engodo
Chapéu roto?
Não!
E até macarrão
Não, era até um carrão
Mas ficou macarrão
Por falta de verborrágica
Opção
Macarronicamente
Ou ironicamente
É necessário
Antever
Ou até ver
Que o seu carrão
Vai para o túmulo!
Mentira!!!
É mentirinha, amigo, calma
Seu carrão de última geração
Não vai para o túmulo
Carrões não vão para o túmulo, oras!
Eles são feitos para dançar nas pistas
Com o máximo conforto e performance
Air bag de última geração
Banco de couro
Câmbio Automático
E até IA
Inteligência Artificial
Logicamente,
Carrões não vão para o túmulo
Carrões vão para o ferro velho
Quem vai para o túmulo é você
Sim, é você, que tem um carrão
Hahahahahaha
Você já nasceu para ir para o túmulo
Se o seu carrão, vrum vrum, te leva mais rápido (!)
Enfim, não precisa...
Mas você vai
Com ou sem a singularidade hipotética do Musk
Ah! O cê vai bichão
O cê vai
E não vou deixar uma lição de moral salvadora não
O cê vai
Depois dessa eu nem ia durmir à noite
Vai que ela cai e o cê cai junto...
O que é certo é errado
Pensar é agir
E não pensar é não agir
Agir é pensar?
Ah! Então quem muito fala muito faz?
Faz!
Nada!
Dicotomicamente
Alegremente
Pega-se um microfone
Utiliza-se de um livro
De macabrísticas ritualísticas
Ao riso silábisábico alarábico
do Fogo maldito
Oh! Fogo da chama
Que consome a cama
Poesia cruel
Que se destrói em si
Que em cerveja se derrama
Pura lama
De Guarapari
É um som safado
Rompante
Inescuso
Quase bilaquiano
Por exceção das métricas
Daquela mélquidas
E ressequidas ideias
Malversações malignas
Do ditocujo
Que se lambuza no pecado
E seu peito inflama
Oh! Selvageria cruel
De um texto sem sentido
Qual leão na savana
A despedaçar sua presa em riste
Com um sorriso maligno
Daquele que se diverte com sangue ressequido
É um mel que insana
Nossas mentes perversas
Nossas almas inertes
Se levam em si
Se esquecem de si
Da vida
Aqui jaz uma poesia
Não, um poema
Aqui jaz um poeta
Aqui jaz a vida de um escritor
Mal escritor
Quem nem era autor
Aquele a quem o mercado, o Deus, Mercator
Nunca pagou
Fim para muitos
O início do fim
É a serviço do repente
Assim tão de repente
Enfim, chegou-se ao fim
Despertador
Luz
Porta
Banheiro
Vaso
Pia
Água
Cozinha
Pão
Manteia
Café
Despertador
Chaves
Porta
Carro
Trânsito
Buzina
Carros
Ônibus
Bicicletas
Porta
Garagem
Porta
Trabalho
Folhas
Pagamentos
Planilhas
Barulho
Planilhas
Contas
Servidor
Almoço
Servidor
Planilhas
Contas
Planilhas
Contas
Relógio
Porta
Garagem
Carro
Trânsito
Mochila
Portaria
Porta
Porta
Sala de aula
Cadeira
Caderno
Lápis
Intervalo
Porta
Pátio
Porta
Sala de aula
Cadeira
Lápis
Borracha
Caderno
Garagem
Carro
Portaria
Porta
Casa
Acender a luz
Sal
Pimenta
Azeite
Arroz
Feijão
Bife
Ovo
Microondas
Mesa
Arroz
Feijão
Bife
Ovo
Banheiro
Vaso
Pia
Cama
Streaming
Livro
Cama
Fim da inexistência
É tanta pressa
Que a vida passa tão depressa
Desapega!
Que já foi
Que já se foi
Acabou
É uma quimera
Um festim sensual
Pura percepção orgânica
Tão natural
De que perecer
É duvidoso
Mas parecer
É essencial
Em uma vida efêmera
O instinto acalenta
Dá sentido
E oxigena
Com boa pena
De escritor
Que se atenta
Aos fatos
Ao que ficou
Ao que se foi
Era apenas um sopro
Acabou
Cada vida é igual a um plágio
Uma após a outra cometemos os mesmos erros
Vítmas da ancestralidade, da brutalidade
Do ego, do dessassossego
Vivemos em um mar de lágrimas
Salgadas, ávidas de atenção
Cheias de dor
Sem carinho
Sem pudor
Sem nada
Além de um imenso vazio
Que impera
E se desfaz
Como o Caos
Ele impera
E somente Ele
Ele é o Princípio
O fim
O relojoeiro
Deus, Uno e Trino
Gadu?
Aquele que persiste
Nós?
Não existimos
Porque somos um sopro
Bate e nos leva a brisa
Voltamos para as estrelas
Você ficou velho e não acredita em mais nada
Porque aprendeu
Que pessoas realmente
São cartas marcadas
Compreendeu que são como a Justiça
O Mago ou o Diabo
E que na realidade
Cartas de Tarot são pessoas disfarçadas
Pessoas de Tarot são cartas marcadas
Marcadas pela vida
Pela previsibilidade
Foram todos os dias as mesmas cartas
Que esqueceram que são de verdade
Cartas marcadas são pessoas de verdade?
Talvez sejam
Ou não
É certo que é difícil compreender
Porque o arquétipo fala
Clama e infunde a maldade
Freud refuta
E Jung explica:
"É tudo questão de Sincronicidade"
Mas se o inconsciente é coletivo
E a humanidade é universal
Aonde fica a tal qualidade individual?
Perde-se na totalidade
Das cartas marcadas
Pela maldade
Pela lascívia
Pela repugnância
Ao amor e a caridade
Pessoas de caridade são cartas marcadas de verdade?
Talvez sejam
Ou não
Mas há uma realidade
São belas e de várias cores
São de várias qualidades
São taciturnas, oblíquas
Mas, às vezes, há sinceridade
Se na eventualidade do caos
Surge a fraternidade
O Ego acorda e o Eu inflama
Dissolve-se a dualidade
O Mundo Todo sorri
As cartas voltam para o deck
E se infundem pela Existência na imaterialidade
Agora há pessoas de verdade
por Daniel Dara |
O que esperar da vida, senão a morte?
Mas... Se se espera a morte, é necessário viver a vida
Redundantemente: a vida. Um Carpe Diem a cada minuto, a cada segundo, a cada nano-segundo
Como diria Sidarta, o Gautama: é preciso viver como se nossos cabelos estivessem pegando fogo
Porque a morte vem
Naturalmente vem
Ela te abraça
Para o final
Ou para um novo início
Tanto faz
O que importa é que ela vem
Ela te liberta
- Quer ser libertado neste exato momento?
Não, você diria
Mas é fato que ela te liberta do fardo que é a vida
E sabe porque a vida é um fardo?
Porque você a tornou um fardo
Colocou centenas de coisas que não precisava
Vive tudo que não queria para viver um fardo idealizado
A vida que você idealizou é um fardo
É um fardo. Porque você se desconectou
Se desconectou da vida
Se desconectou do que você gosta
Se desconectou da pipa, do peão e até do vídeo game
Porque tem que trabalhar
Aboliu o Peter e virou o Gancho
Você morreu e esqueceram de enterrar
Porque a vida perdeu o gosto
Se te perguntassem agora o gosto da vida, qual seria?
Amargo, doce, azedo?
Sua vida não é pé de limão para ser azedo, oras!
Vá dar um jeito na vida
Beija a quem é de beijo e abraça quem é de abraço
Vive, briga e se emociona
Viver é ter aquilo que te emociona
Pergunta: o que te emociona?
O que te emociona é o que lhe faz feliz
Questiona: o que te faz feliz?
Seja feliz! A vida é muito curta para ser vivida assim:
Tão sisuda
Tão ferina
Tão desconcertada e desajeitada
Toda errada
Como se não tivesse jeito
E reflita:
Ontem: o que tivesse feito que hoje não teria feito?
Amanhã: vive diferente do dia de ontem
Hoje: faz agora porque amanhã ...
TIC TAC
O jogo acaba e fim
Você não tem mais tempo
Texto bom é assim
Te pega
Te embaralha
Te amarra
Você emperra
Não existe mais nada
Só você e ele
Ele e você
É um namoro rápido, se poema
Se livro, pode levar meses
Anos
Décadas
Vidas
Centenas de anos
Perdidos em um livro
Em um texto
Que te pega
Te amarra
Te enlaça
Que nem um livro
E de repente
O tempo passa
E você se liga
Que o tempo é leve
E o texto fica
Tudo ajuda
Tudo atrapalha
Depende...
Depende do observador
Se é pessimista
Se é otimista
Se é nobre senhor!
Sim, se é nobre senhor!
- Uai, mas por quê?
Porque rima com observador(!)
- Ah, Tá. Mas porque atrapalha?
Se não atrapalhar, atrapalha.
- Mas porque atrapalha?
Porque você anda, diacho?
- Porque eu preciso andar.
Exato, se não tivesse nada te forçando a andar, você não andaria.
- Mas andar é normal.
Sim, mas porque todo mundo mundo assim evoluiu
- Eu também?
Sim, diacho de ser humano.
- Como assim ser humano?
Uia, você não é um ser humano?
- Como você sabe, está me vendo?
Como assim?
- Nós somos apenas palavras, escritas pela mesma pessoa
Como assim?
- Não seja pessimista...
imagem: Paolo Nicolello