sábado, 17 de janeiro de 2015

Desabafo

Poesia uma ova!
Vem-me a cabeça e vai-se embora
Depois de dois anos, oras!
Definitivamente não era a hora

Vai-se logo e não se despede
Insinuação doce que me azeda
Alegria tinhosa que me afeta
Desafeto minha raiva latente desperta

Que raiva sim! Que ira!
Ah! Quantas mentiras
Dessa safada que me atiça
Que minha mente atina
Pretende me desvirtuar

Mas me reviro sim, me viro!
Com essa estrofe firme eu findo
Uma tragédia de dois anos afinco
Seiscentos e tantos dias, que atino!
Posso dormir sorrindo

Vou co'a poesia me deitar

sábado, 9 de agosto de 2014

Mais um olhar

Obsceno e prático olhar
Um aquário translúcido e vivo
Um mar inundado de emoções
Um larápio do tempo, um rio
Um labirinto de desilusões

Massa crítica e furiosa
Um Azul que a alma fende
Tensão para o mar adentro
Luz na escuridão noturna
Luz para o abissal alento

Azul malígno e etéreo
Um suado e sanguíneo remédio
Uma sinistra mistura de ódio e desejo
Uma brincadeira, uma viagem ao Tejo
Uma ótima oportunidade para se aventurar
Em um obsceno e prático olhar.


domingo, 3 de agosto de 2014

Poesia da madrugada

Poesia da madrugada
Que afina a vida em puerilidade amargada
Que retira a alegria e põe-la de volta
Que ensina o tonto e o sábio esnoba

Poesia de madrugada
Em lapso às pressas assoma
A minha porta como aurora
Na noitada, na penumbra
Quando o silêncio profundo retumba

Poesia da madrugada
Feito a noite enrugada
Feito Ouro Preto embrumada
Feito minha vida inebriada
Feito fel, feito navalha
Traz-me alegria de volta?
Traz-me a dor de sorrir
Traz-me a revolta apaixonada

Traz-me a poesia da madrugada

sábado, 20 de abril de 2013

Preguiça

Ah! Que vontade de fazer nada
Ah! Que delícia é enrolar
Fazer é angustiante
Nada mais dá angústia do que ter o que fazer
Negar as regras, negar tudo
Isso sim me dá prazer
Mas até nisto:
Em negar o fazer
Ele ali está
Negar é Fazer



sábado, 13 de abril de 2013

Numa fila

Fi-lo bem
Em filar da Filomena
O filete de fumo turvo
Da fila em que tão fulo fiquei

Daí um fulano infundado futrico criou
Do meu fino fumo falou
Sem feeling, finese ou finesa:
"Esse fumo fedido é dureza"

Com olhar furioso o fitei
E em frementes firulas bradei:
"Finda a vida e essa fumaça co'ela vai
Finda o féu de tua fala tão fugaz

Finda o verde floral enquanto é tempo
Finda o frio, finda a fome, finda o vento
Finda a França, a Romênia e a Finlândia
Finda o Universo em furiosa miscelânea

Finda o fim, pois a isto ele é fadado
E ao fim foi-se indo enquanto eu falo
O meu filado fumo esfumaçado
Com a fila foi-se indo sem fumá-lo!""

quarta-feira, 27 de março de 2013

Circo é vida

Martelos que batem a lona
Que unem estacas
Que penetram o chão
Orvalho que roreja as flores
Que enamoram os ventos
A semear seus amores

Orvalho destilado da névoa
Qual suor dos trabalhadores
Qual chamas de cospe-fogo
Qual cuidado dos adestradores

Lona tão colorida e bela
Dentro há uma passarela
Picadeiro e atores
Sementes que se lançam à brisa
Que balbucia surpresas
Promete favores

Sementes são livres pelo ar
Qual inigualável equilibrista
Qual cambalhota dos palhaços
Qual magica em arroubo de vista
  
Ares trasladam sementes
Que sobrevivem ao tempo
Que conhecem descanso
Descanso merecem atores
Que alegram o público
Que se vão todos mansos

Sementes que encontram a trinca de estacas
Qual lona florescem em nova cidade
Qual trabalhadores a transportar o gérmen da arte
Assim é o circo e a vida destarte





sábado, 16 de março de 2013

O Mal do Bem

O bem lhe corrompe
O mal lhe molda
A humilhação e o transtorno
Dignificam a forma

O bem é mentiroso
Inimigo da reflexão
O mal é criterioso
Leva a interiorização

Viver é sofrer
E sofrer é viver
A beleza é a superação
A faca entranha em teu seio
É tua sina e sustentação



segunda-feira, 11 de março de 2013

Canção da Despedida

Vá com Deus
Você que meu coração amarrou
Que com ferro feriu
Que com fogo marcou

Vá com Deus
Você que minha vida deixou
Que em meu mundo caiu
Que meu sono tirou

Vá com Deus
Você que nunca eu quis
Mesmo assim tanto quis
Só quis ser feliz

Vá com Deus
Você que minha roupa tirou
Que do meu lado dormiu
Que minha boca beijou

Vá com Deus
Você que minha vida mudou
Que meu vinho amargou
Que minha água sugou

Vá com Deus
Você que em si me desejou
Que meu soluçou tirou
Que meu ser transformou

Vá com Deus...





sábado, 16 de fevereiro de 2013

Maldita!


Eu te amo, maldita!
seu amor eu clamo, ferina
seu choro reclamo, delicia
sua vida eu quero, bendita!

Me esqueça de vez, luddita
vá pro inferno, pudica
ah!suas veias, menina
suas lagrimas, desdita

Sua benção, severa
sua sina, de treva
sua vida, de luz
seu olhar me aterra


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Acabou!

Meu amor se foi
ACABOU!
não importam as outras
elas não me rasgam o peito
brincando de: "eu vou morrer"

Ou seja,  vou morrer
Mas qual o problema?
Se eu morrer, morri
E as dores que sofri...
brincarão de "eu morri" e me ressuscitarão
Enfim...

A vida é bela
fora as amarguras, a vida é bela
Fora a vida, tudo é belo
Fora o eixo
Que se dane o reio
Do dia a dia certeiro