terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Quem dera me ligasse

Quem dera me ligasse...

Que seu desejo fosse "eu"
Que seu coração se quebrantasse
Que as linhas se ligassem
Que seu pensamento fosse meu

Se soubesse de mim
Se ao menos me quisesse
Se porventura me esquecesse
Se estivesse afim...

Quem dera me ligasse...

Poria fim ao desalinho
Poria fim ao sofrimento
Poria fim ao meu lamento
Poria fim aos meus carinhos

Estaria em seus braços
Estaria nela ligado
Estaria ou todo magoado
Estaria ou todo em seu regaço

Quem dera me ligasse...

E a teimosia superasse
E a insegurança detivesse
E a mudez emudecesse
E alegria alto falasse

Ah! se a tristeza findasse
Ah! se as as coisas aquietassem
Ah! se nossos lábios encontrassem
Ah! se meu coração aquietasse

Quem dera me ligasse...


domingo, 21 de outubro de 2012

Insight Lunar

Em via de deglutição lunar
Meu coração está
Formosa, redonda, sinuosa
Escandalosamente bela

Vou engoli-la!


domingo, 14 de outubro de 2012

Festa

Luzes
Escuro
Pessoas
Sempre a multidão

Conversas
Não entendimento
Som
Nunca a perfeita audição

Copos
Cervas
Drinks
Sempre alucinação

Tato
Beijo
Sexo
Nunca a segunda impressão

Luzes
Som
Drinks
Sexo
Sempre combinação

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Todo mundo

Todo mundo anda
Todo mundo corre
Todo mundo tá no sistema
E o sistema tá em todo mundo

Todo mundo sistematicamente embrulhado
Todo mundo hermeticamente fechado
Todo mundo gramaticalmente enlaçado
Todo mundo humanamente lesado

Anda todo mundo
Corre todo mundo
No sistema tá todo mundo
Em todo mundo o sistema tá

Embrulhados sistematicamente todo mundo
Fechados hermeticamente todo mundo
Enlaçados gramaticalmente todo mundo
Todo mundo lesadamente humanos






domingo, 30 de setembro de 2012

Luar Sangrento

Brilha a cheia lua
Em fulgurosa vermelhidão
O sangue foi derramado
A terra manchou-se em vão

Enluarada noite assassina
A sina! Dos lobos a uivar
A crendice, a superstição atina
E a ferocidade humana a clamar:

"A fé, e a fome, e a desgraça
É a vida que se desmancha e se apaga
Uma louca fluidez, sanguinolência!
É a noite, a luxúria, a desgraça"



domingo, 23 de setembro de 2012

Janelas

Janelas?
Eis que outra luz se acende
Eis outro mundo que mente
Eis outra via de nada

Janela?
Graciosa lacuna
É a parede  inexistente
O vácuo permanente

Janela
Só ela existe
Ela existe em tudo
E tudo nela existe

Janela
Só luz emite
No todo, a escuridão persiste
Tão triste


domingo, 16 de setembro de 2012

Noite!

Lânguida noite lancinante
De insólitos lauréis
De viscosas vicissitudes
Em orgiásticos bordéis

Louca noite embriagante
A evocar os seus fiéis
Os apostadores, os vagabundos
E os tão hábeis menestréis

Dos incautos, famigerada abdutora
A escarpa do momento derradeiro
Ao cadafalso lhes empurra amiúde
Co'a singeleza de um tenro amor primeiro

A cada noite, cada vida se desfaz
Na boemia, ou no sono, ou tanto faz
Senhora que com seu manto cobre o dia
Cobre a cada um em cerro eterno enquanto jaz


domingo, 9 de setembro de 2012

Às pessoas de mente pequena

Toupeiras: reacionários e caretas
Vejam: a Terra não é quadrada
Percebam: sua realidade está deformada 

Quanta mesquinharia
Quanta abominação
Oxalá! se libertassem
De Tão pequenos pensamentos:

Homofobia, preconceito
Racismo e intolerância
Tudo em nome Dele
Tudo em nome do mesmo Deus
Do mesmo deus de sempre

Em nome Dele amaldiçoam
Apedrejam, escarnecem
Vangloriam-se e matam
Tudo por Ele, com Ele e para Ele

Mas essa ideia realmente foi Dele?








domingo, 2 de setembro de 2012

Pasárgada ...

Em Pasárgada há o que se tem de melhor. Nunca a vi pessoalmente. Nunca fui a mais poética das cidades... Mas sei o que nela há de bom...

O que Pasárgada tem de bom está no auge da mocidade. Tez macia e morena de acaju. Olhos e lábios amendoados. Estes pelos sabores perigosos que provocam um demorado arroubo temporal naqueles que tiveram a lisonja de tocá-los. E aqueles... Aqueles ( que olhar!) tão instigantes .... E Apesar da doçura e singularidade, não são amendoados por questões naturais. Não, não. A natureza tratou de tê-los feito negros – diga-se de passagem, com bela precisão simétrica, que se reflete em todo resto - qual duas graciosas  jaboticabinhas. O tom amendoado é pela delicadeza dos mesmos e a profusão que sinto ao encará-los! Ambos me suscitam lembranças machadianas. É como se fosse de Bentinho para Capitolina: “olhos de ressaca”. Sim! As ondas que conduzem, que aferroam(!) ao mar, que me levam cândido para a salvífica perdição .


Ah! Quem dera tê-la tenra em meus braços, no aconchego ... Vãs seriam as palavras e todas as coisas entre o Céu e a Terra. Vã seria a vida, que então poderia se acabar e assim morreria feliz! Ah! Quem dera dominar toda aquela forma impetuosa, que me remete aos mais variados tipos instrumentais de corda. Mas somente aos que condizem com corpo feminino, é claro! rs


Ah! Quão bela é Pasárgada que me privilegia de seus sabores, doce e amaro. As mais preciosas doçuras femininas posso experimentar em olhares cativantes e sagazes, em lábios carnudos e em uma tez de tirar o fôlego. O amargo vem da privação dessas delícias, que estando de volta ao lar, me deixam aqui em desalento.


Mas o amargor é vivificante. Se, por um lado, ele fere os corações, fazendo que os mesmos se condoam de si, que a saudade seja profunda e a dor impetrante; por outro, não é por acaso no cadinho que ouro e prata, assim como as intenções, se purificam? Qual diamante é deveras belo senão devidamente lapidado? Ah! Que o crisol daquelas famosas grandezas físicas –tempo e espaço -seja realmente um belo e singelo modelador dos significados. E que as belas praias de Pasárgada continuem seu processo de expansão dos sentimentos. Pois, como já disse, sei o que lá tem de bom!


E, textualmente falando, é necessário que se volte a Pasárgada. Para o centro das atenções. Afinal de contas o que importa é a capital poética e, sobretudo, insisto em dizer, o que nela reside. Quem lá mora, curiosamente, a atenção me atrai, se ainda não o fiz notar. Quem lá mora é impar é única. Quem lá mora, aqui, quando embora foi, acabou ficando. Deixou um pedaço de si para trás. Deixou nas minhas memórias, nos meus sonhos, no meu dia a dia, no meu inconsciente. 
Deixou-o em mim.

LINKS:  *** Pasárgada ***
              *** Vou-me embora para Pasárgada ***

domingo, 26 de agosto de 2012

Código de Barras

Chuva de seres numéricos
Conta de números humanos
Cadastrados nas prateleiras
Gente em código de barras

Viver é comprar
Respirar para ter
Os números importam
As pessoas se contam

Números são infinitos
Pessoas muitas são
Numerais se escrevem
Humanos se vão