O que há na
estrada dessa vez?
Queria
apenas refletir sobre o sentido da vida. Mas a vida é repleta de dissabores e
da mais falta de discernimento. Para lidar com isto, nada como uma prosa
poética para tratar a nada irremediável dor que apenas passa com a doce e
inexorável morte.
Ela é dura.
E dura. A eternidade. Mas e o resto?
Nada dura.
Talvez até mesmo o conceito de morte. Por que de fato ela existe apenas porque
a vida existe e quando não mais existir vida, não existirá mais morte. Morre de
fato. Nas ideias e no existir. Porque o que está morto não morre. Jaz.
O clichê a
única certeza da vida é a morte nunca me pareceu tão mais claro.
Mercado,
moral, ideologia são conceitos. Mas que morrem. Morrem lenta e dolorosamente
com as desinterpretações da vida. Com as burrices de quem não entende. Com a
inexpressividade de quem se cala ou fala demais. Enfim. Ideologia, eu quero uma
para viver. Só porque é clichê. E que morra!
A ideologia
mata. E salva.
Ideologia
são ideias. Cara. Se você não matou alguém é porque te disseram que isso é
errado. Ou, se você matou é porque te disseram isso e você ignorou. Você matou
a ideologia de que matar é errado! Mas começou a viver com a ideia de que matar
faz sentido. Às vezes, quando é necessário. Ou sempre. Apenas só para se
divertir.
A propósito,
você guarda os seus mortos no porão?
Bem, não
quero saber. E não quero fazer parte deles, ok?
Então
poupe-me. Por que não sou obrigado.
Ai que vida
chata.
Muito chata.
Chata a
ponto de eu redigir um texto non sense como
este. E chata ao ponto de você perder o seu tempo a lê-lo.
Tempo é
dinheiro, meu caro. Não vá perde-lo.
Dinheiro =
tempo = vida.
Dinheiro é
vida.
Sim e não.
Mas não mas é.
Dinheiro =
vida = morte. Afinal, quem vive morre. E
quem vive se mata. Se mata literalmente. Ou por dinheiro.
Ai, se mata!
Vá embora!
Que non sense a instigante vida. E a morte
que a acompanha.
Morte é vida
porque a morte nasce da vida. Vida sem morte não há. Morreremos. Sim, é assim
mesmo. Morreremos. A nua e crua e dolorosa verdade. Talvez
iremos para o inferno. Ou não. Tanto faz. Não viveremos para saber. Apenas
cairemos.
E jazeremos
felizes para sempre.
Ah! Morte
que namora e me acompanha todos os dias. Sem edição. Sem prova, sem evidência.
Por que
ninguém sabe o que é.
Interessante
não? Todos sabemos o que é a morte. Mas não sabemos.
Você sabe o
que é a morte?
Não me venha
com teológicas! “A morte é a separação da alma do corpo ... bla bla bla”
Quero
explicação real!
O que é a
morte?
A morte sou
eu te interrogando aqui, fazendo você perder o seu preciosíssimo tempo. A morte
é você com a cara enfurnada nesse computador maldito. A morte é o seu chefe
gritando com você. É o assédio moral diário. A morte é terrível, lenta e
ineficiente. Leva hoje uns setenta anos para chegar.
Mas isso
importa?
Ela vem!
Ela vem na
frente de um caminhão. Do piano que despenca. Do gás acumulado que escapou do
bujão. Do seu chefe que gritou com você e você escorregou do último andar.
Estava lá, despreocupado. Bem assim, despencou. E foi caindo, caindo, caindo,
caindo...
Morreu.
Mas esse
texto não morre assim.
Esse texto é
um espírito de morte, com mau humor. Às vezes mau humor parece à morte, não é?
A morte esta
na estrada dessa vez.
A longa
estrada da vida dá na morte. Dizem que você anda com quem você parece. Mas
apenas acompanho mortais. Alguém conhece algum McLeod para me apresentar?
Não? Que
pena.
Foi só um
recurso linguístico.
Viver é
muito chato. Um dia eu morro e acabo com isso logo. E acabo com esse texto
também.
Mas ele não
morreu. Não agora pelo menos.
Quanta
ironia não? Quanto mau humor mora em meu peito.
Tudo porque
é mais fácil ser mau humorado. Ser feliz é estranho.
Existe gente
feliz, sabia?
Queria saber
como elas fazem ou se é apenas falsidade mesmo.
Dizem que
ser feliz é um ato de decisão. Ah! Que chato. Melhor seria ser feliz e pronto.
Você acorda,
pega o ônibus às seis da manhã. Sai do trampo às cinco, pega mais ônibus
lotado. Paga contas. E ainda querem que você seja feliz.
Veja bem.
Quanta falsidade.
Ser feliz é
coisa de gente louca. Não faça isso. Apenas faça como as outras pessoas, finja!
Isso finja.
O importante é parecer, não ser. Por que ser feliz já é demais.
Esse texto
já é demais.
Cansei.
Ainda não.
O que há na
estrada?
Desilusões.
Dores. Incertezas. Vida acabrunhada e cansada. Uma morte por dia.
Ah! A morte,
você já tinha se esquecido.
Mas você vai
lembrar hoje antes de dormir.
Você vai
morrer.
Vai.
Morrer.
E daí? Todo
mundo vai morrer, sabia?
Pois é.
Morreremos.
Essa é a
nossa estrada.
Essa estrada
leva ao longe. A muitos pensamentos. A muita falta de foco. A muitas estradas.
Mas uma
coisa tem graça.
Cada um tem
sua estrada. Como escolher a melhor.
Como ou sem
morte?
Opção
errada.
Mas a morte
virá. Do nada. Ou não. Lenta e dolorosamente nas mãos de um psicopata.
Já pensou em
ter uma conversa em pessoa com Charles Manson, bem ao pé do seu ouvido? Dizendo e
explicando o que vai fazer como você?
Nas mãos
dele seria apenas um abjeto.
Mas não
hoje. Ainda não.
A morte
ainda não te pegou.
Boa noite.
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