sábado, 12 de maio de 2018

Estereótipo

Rico? Porque Roubou
Sambista? Vagabundo!
Funkeira? Piranha!
Cabeleiro? É viado!
Cabeleireira? Fofoqueira
Bom de informática? Nerd
Bom de matemática? Mais nerd
Vendedor de loja? Explorado
Negro? Bandido!
Branco? Privilegiado
Mulher? Bom para o fogão
Médico? Babaca!
É do rock? Conservador!
Vendedor? Enrolador
É de esquerda? Petista
Petista? Comunista
De direita? Tucano
Tucano? Conservador
Jornalista? Manipulador
Comerciante? Ladrão
É gay? Uma bicha!
Talentoso? Preguiçoso
Freelancer? Finge que trabalha
Diz o que pensa? Antissocial
Classe média? Conservador
Trabalhador? Suga o patrão.
Patrão? Sanguessuga do trabalhador
Mora em comunidade? Bandido
Ocupou um teto vazio? Bandido
Mulher? Biscate!
Usa minissaia? Quer ser estuprada
Usa miniblusa? É vadia!
É trans? É tudo isso e nem me fale!
É gay? É doente
É homossexual? Pura imoralidade!
É político? Ladrão
É parlamentar? Desonesto!
Black block? Vândalo e vagabundo
Toma umas no bar? É bebum, alcoólatra
Vai no ballet?
É mulher: esforçada
É homem: falta de couro!
Negro na universidade? É cotista, privilegiado

E você, de quantos estereótipos já foi desqualificado?

sexta-feira, 16 de março de 2018

O que realmente importa

Eu gosto é de samba e de cerveja

O resto é ilusão

Eu gosto é da noite

De virar madrugada

Cair no salão


Sentir o sereno no rosto

O frio que sopra

Mas com samba no ouvido

Aquecido pelo vinho

E sem mais nada na mente


O que importa é a diversão

Vida sem diversão é vida perdida

Vida que se foi

Vida que se entrega

A desiluzão


Sem um copo de chopp

Ou um litro de vinho

Sem um pouco de coloarinho

Para amargar a boca e adoçar a vida

Como seria meu coração?


Seria frio

Sem vida

Sem alento

Sem trigo

Nem rumo


Ai, nem sei como seria

Como eu seria sem a madrugada

Sem um pouco de fumo

Sem uma rápida fumaça?

Ah! Que palhaçada!


Que vida mais chata!

Que vida sem vida

Que morte sem sentido

Terei eu

Quando ela bater em meu portão


Quando ela me levar

Terei me divertido

Terei me lembrado

De tudo que fiz

E de nada me arrependido


Vou abraçá-la e agradê-la:

"Oi, eu já estava esperando

Me diverti bastante aqui.

O que vamos brincar no outro mundo?"

quarta-feira, 7 de março de 2018

Tira o pé da minha janta

Tira o pé daí

Não enche o saco

Vai embora!


Que fazes aqui

Nesse momento

Justo agora?


Agora vou embora

Você não?

Simbóra


Desacampa

Rala peito

Pula fora


Ou o pau quebra

Eu te quebro

Na manobra


Uma no queixo

Uma no estômago

Na maciota


Com muito carinho

Um olho roxo

E uma viola


No teu lombo frouxo

Seu belo encosto

E assim dá corda


Pro teu rumo

Ô falta de assunto

Falta de escola


Toma caminho

Vai de mansinho

Vai-se embora!

















sexta-feira, 2 de março de 2018

Língua Portuguesa

É um aperta e segura

Um vai e vêm

Que nunca tem cura


É um acento aqui

Uma vírgula acolá

É tanta frescura?


Se é frescura não sei

Mas é tanta regra

É lei?

Uma imposição

Uma chateação

Me acabrunhei


Todo dia é assim

Um esquenta neurônio

Cansaço nos olhos

Por que o porquê

Junto com acento

É substantivo

E não há argumento!


Uma vírgula errada

É morte!

Não mate!

Não, mate!

Então não, mate o português!


Vamos frasear

Parafrasear brincando

Lendo com a vida

Rir conversando


E não essa coisa palavreada

Essas palavradas

Me deixam doido

Oh vida atinada

De quem fala


O português lacônico

Como peste bubônica

Nos deixa atônicos

Co'a linguagem afônica


sábado, 24 de fevereiro de 2018

Vaidade

Dentre os seres humanos, ela é a melhor

É a mais bela

A mais inteligente

A mais sábia

É o suprassumo do Bem

Estonteantemente maravilhosa

É a mais digna de atenção

É a mais eficiente

Dentre os músicos, o melhor guitarrista

O melhor violonista

O melhor vocalista

O melhor baterista

Tudo

Tudo

Tudo de bom

Excelência suprema

Excelência entre os excelentes

A caridade em pessoa

Muito boa

Muito boa mesmo

Muito boa de morrer

É tão boa que quando faz a ação

Em cima de todos distoa

É a que mais aparece

A que mais se promove

Sobre a que mais se conversa

Quem questiona não merece

Não merece atenção

Não merece amor

Não merece

Não merece

Não merece

Não merece porque não contemplou a beleza

A sutileza

A grandeza

A grandiosidade em pessoa

O melhor dos seres humanos

O mais criativo

O mais estrondoso

O mais maravilhoso

O mais vaidoso


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Repetindo

Cada momento

Cada perda

Cada nota

Cada vida

Cada situação

Em sua volta

Mas não se importa

Não se importe

Com o que diga

Com o que se nota

Apenas com a vida

Que enrola

Que se nota

Vai-se embora

Despedia

Qual nora

No altar

Da vida

É... rima

Com suspiro

Com despedida

Com vida... De novo

Sem vida? De novo

Again

Agora

Meu povo

Que sinistra

Sílaba

De novo

Ai meu Deus

Não consigo

Parar

Se vou

Se consigo

Repito

De novo

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Samba

De roda

De escola

De butiquim


Te pega na vida

Te leva embora

Te deixa a fim


Te joga nos lados

Te pega de volta

Te dá um sorriso

Te leva embora


Te chama no canto

Te deixa em prantos

Te revira por dentro

Te deixa molengo


Numa sexta a tarde

Em um sábado a noite

Em um domingo de manha

Sempre o samba te leva


Sempre ele te traz

Seja pelo mar

Seja pelos cabelos

Qual o timoneiro


Mas ele faz

Ele traz

Ele é samba

Ele é capaz


De mudar sua trajetória

E roubar sua paz

E ampliar sua memória


De vida

De dores

De sorrisos

De amores


Isto é vida

Isto é ginga

Coisa de bamba

Isto é o samba

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Poesia de Cara

Só queria ser feliz, cara Sem aperto no peito Sem dor de cabeça Sorriso rasgando Sorriso na cara A cara não é cara A cara é de menos Com dentes escovados Sem meias palavras Sem beijos e abraços Uma dureza que só Sem moleza Ouviu? SEM M.O.L.E.ZA Não é mole não Pois quem é mole Se joga do alto E abraça o asfalto Espatifa no chão! Espatifou? Bem-feito! Só não atrapalha o trânsito Sai do meu caminho Sai do meu caminhão De angústias De raiva De sina Lascívia Contida Na lábia Só queria ser feliz, cara

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Ê Jãozinho

Chegou o dia da entrega da redação escolar e a professora ficou muito entusiasmada com as redações de suas fofuras de alunos. Menos com a do Jãozinho.

Jãozinho já apresentava, aos 7, tendências curiosas em seu comportamento e um certo ardor fervoroso por atividades que são recriminadas pela sociedade.

A Dóra, que era uma belezinha de menina, por exemplo, alimentava a sanha pela Medicina. Amava os animais e se não fosse "dotôra" de gente, certamente seria dos bichinhos. E seria, certamente seria.

Já o Ricardinho era o cara da sala, era bom de bola e seu sonho era ser ponta esquerda no Curíntia. E o rapazinho era talentoso mesmo. Driblava um, quebrava outro, colocava a bola na frente e haja pulmão para acompanhar o Ricardinho. Era GOOOOOL na certa.

Também tinha o Fernando. Esse era bom em tudo que era científico. Menino inteligente da Po"""" esse. Era bom de química e física e ficou amigo da rapaziada dando aquela força na prova de matemática. Afinal, não era bonito e ficava envergonhado na frente das garotas. Então resolvia seu lado fraco com essas compensações com os coleguinhas. Gente boa esse Fernando e futuro engenheiro do ITA.

E todos esses, reconhecendo seus respectivos e maravilhosos talentos, fizeram suas redações com base naquilo que acreditavam ter potencial. E o Jãozinho não era diferente, mas suas habilidades não eram, desde cedo, bem aceitas pela sociedade.

Mas o Jãozinho...

- Vem cá, Jãozinho!!!

- Que foi fessora?

- Ah! Jãozinho!

- Que eu fiz? Juro que não fui eu que passou cola na cadeira da Bruna!

- Cê fez isso também Jãozinho, foi?

- Ai...

- Depois a gente conversa disso! O papo agora é outro.

- Que papo, tia?

- Que redação é essa, João?

- Nossa, tia, por que a senhora tá me chamando com esse nome? A senhora nunca me chama assim. A senhora tá brava, tá?

- Não estou brava menino. Estou decepcionada.

- Nossa, fessora, o que eu fiz?

- Que diacho de redação é essa? É esse o seu sonho criatura? É para isso que eu dou um duro danado aqui com vocês?

- Ah é - disse a endiabrada miniatura de gente com o rosto enrubescido.

- Ah é! É só isso que você tem para me dizer, diacho? Que raio de redação é essa??? Como assim? Por que diacho você quer ser ASSALTANTE DE BANCO?

- Então, fessora, é que essa carreira é mais promissora que as outras. Ser jogador de futebol é para poucos e não tenho esse talento todo. Ser médico? Piorou, né? Tem que ser muito inteligente. E engenharia é difícil, sou ruim de conta.

- Nossa menino, que cabeça oca é essa sua? Você não acha que é capaz?

- Talvez eu até seja, fessora. Mas dá muito trabalho. Olha para a senhora...

- Como assim, menino? - Nesse momento a professora ficou perplexa e curiosa, ao mesmo tempo. - Anda logo, desembucha!

-Ah! A senhora sabe como é, né?

- Não sei não, desembucha!

- Ah, fessora eu gosto do trabalho que a senhora faz.

A professora então se sentiu elogiada, mas permaneceu em choque pela primeira opção de seu querido - endiabrado, mas querido - aluno. Afinal, ele tinha preferência por ser assaltante de banco que professor.

- Então, criatura, porque você não quer fazer o que eu faço?

- Ah, fessora, vou estudar muito, terminar todo o ensino básico, o colegial e fazer faculdade para ser professor? Dá muito trabalho e não ganha muito.

- Ah, então o safadinho quer ser assaltante de banco???

- Sim, fessora, porque é mais promissor.

- Como assim, diacho?

- É mais promissor porque exige menos conhecimento e os ganhos são mais rápidos.

- Meu Deus, criatura! - Ah! Professora já não estava mais se aguentando.

- É, fessora, e não quero fazer pelo resto da vida não.

- É, diacho! Até quando você quer fazer isso?

- Ah! Eu quero fazer uma vez só para conseguir um dinheirinho bom para ajudar minha mãe, coitadinha. Trabalha tanto e não tem o menor valor.

- E sua mãe ia gostar disso? De saber que você quer ajudá-la com dinheiro roubado?

- Não, fessora. Por isso vamos fazer um trato.

- Como assim? - Agora a professora ficou ainda mais assustada com a ousadia do moleque. E mais curiosa ainda.

- Sim, fessora. A senhora não conta para ela e eu ajudo a senhora quando eu tiver feito o roubo.

A professora achou aquilo uma baita maluquice e mandou o moleque fazer uma redação "decente".

E no fim tudo acabou bem.

Exceto quando a professora foi presa pela Polícia Federal, 20 anos após esta conversa, porque não soube explicar a procedência de 2 milhões que haviam sido depositados em sua conta.

Ê Jãozinho...


segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Tinder


Sou gato, loiro, intelectual, sou médico, pareço o  Brad Pitt (na época do Clube da Luta) - R$ 300 mil.

Sou alto, loiro, magro, musculoso, tanquinho, engenheiro, ganho bem, Camaro e casa em área nobre da cidade - R$ 200 mil.

Tenho altura média, analista de marketing em multinacional, bom de papo, inteligente, bonito, intercâmbio e fiz MBA na FGV. - R$ 100 mil.

Tenho altura média, olhos verdes, pele bem clara, professor de faculdade com doutorado. R$ 50 mil.

Tenho altura média, intelectual, manjo de Rock´n Roll dos anos 70. Analista de TI em uma Startup que é o futuro Unicórnio. Inglês fluente - R$ 25 mil.

Curso técnico em eletrônica, inglês avançado. Olhos cor de mel. Pele de ébano -  R$ 12,5 mil.

Professor. História. Concursado na Rede Pública Municipal. Bonitinho, 40. Nem gordo nem magro - 6 mil.

Sou vendedor. Ensino médio completo. Gordinho, 35 anos - 3 mil.